terça-feira, 20 de setembro de 2011

Nicarágua, Honduras e El Salvador

Sábado, 19/Jun (22º dia de viagem).
Choveu a noite toda. Verdadeiro dilúvio. O barulho da água caindo se confundia com as ondas do Pacífico, batendo bem ao lado do hotel. Quase não consegui dormir, só pensando na dificuldade que é pilotar sob chuva torrencial. Nossa roupa usada ontem já estava seca, e a possibilidade de molhar de novo não agradava. Isso me fez pensar que deveria existir alguém especializado em parar a chuva. Um desfazedor de chuva. Às vezes é preciso alguém que faça o sol brilhar, para animar a viagem dos motociclistas.
Acho que minha imaginação fez efeito. O dia amanheceu só com o barulho das ondas. Nada de chuva. Ufa! Rapidamente dobramos as capas de chuva, arrumamos as malas, mas antes de sair, fomos brindados com o desayuno mais “exquisito” da viagem. Em um prato quadrado, cuidadosamente arrumado, huevos revueltos, tortilhas, nata, uma generosa porção de feijão com arroz, e plátano frito. Uma delícia chamada “galo pinto”.
Deixamos o hotel já com sol forte. Bom sinal. No caminho, mais um motociclista se juntou a nós. Ivan, em sua bela Harley-Davidson. Rumamos em direção à fronteira sempre pela costa oeste. Preferimos deixar para a volta a visita à capital, São José.
Assim, com os dois amigos, em pouco tempo já estávamos na fronteira com a Nicarágua. E lá vem confusão: Fotocópia disso e daquilo, carimbo aqui, carimbo ali, seguro das motos, taxa de turismo, taxa de visto, intermináveis filas, calor, muito calor, e, mais que tudo, paciência, muita paciência.
Regra número um: “hay que ter mucha paciência”.
Nossa chegada na loja HD Managua foi uma grata surpresa. Fomos recepcionados por gente muito simpática, que nos atenderam como se fôssemos velhos fregueses, cervejinha para matar a sede dos viajantes, camiseta de lembrança, e competentes mecânicos.
Hospedamo-nos no Hotel Guanacaste, bem ao lado da loja HD.
Domingo, 20/Jun (23º dia de viagem).
Saímos cedo de Manágua. Nosso objetivo para hoje era bastante ambicioso: cruzar duas fronteiras. A falta de placas indicativas dificulta bastante a movimentação pela simpática Capital. A única maneira de não se perder, ou sair pelo lado errado, é perguntar. Perguntar nos postos de gasolina, aos taxistas, aos motoqueiros. Todos colaboram, e num instante já ganhávamos a estrada rumo a Honduras.
No caminho, passamos ao lado do vulcão Telica, que se encontra fumegando. Apreciar vulcões em atividade, sempre foi para mim, e acredito que para a maioria dos brasileiros, uma atividade muito atrativa, porque, acredito, em nosso país, não temos esse tipo de manifestação da natureza.
Em pouco tempo, já estávamos na fronteira com Honduras. E não posso deixar de tocar nesse assunto, novamente. Cruzar fronteiras por aqui, é uma prova de resistência, a que as pessoas são submetidas, desnecessariamente, ao meu ver.
Inicia pela necessidade de fotocopiar documentos. Várias cópias. E as instituições que as exigem, não fazem isso. O turista tem que se virar. Então aparece a figura do tramitador. Assim são chamados aquelas pessoas que se dispõe a ajudar o turista a vencer a burocracia, mediante um pagamento pelos seus relevantes serviços.
Para sair ingressar em Honduras, tiramos fotocópias no único lugar disponível. Parecia uma pocilga. Fétida, escura e quente, muito quente. Não sei como alguém consegue sobreviver num ambiente daqueles.
Mas nem tudo está perdido. Tivemos a satisfação de conhecermos, na aduana de saída da Nicarágua  um inspetor geral que tentava moralizar o serviço, não permitindo, de forma alguma, a mediação de tramitadores. Lá, naquela seção, o serviço fluía muito bem, sem filas e sem atropelos.
Apesar de tantos problemas, logramos êxito em nossa intenção: conseguimos cruzar duas fronteiras, ou quatro, como alguns entendem: saímos da Nicaragua, entramos em Honduras, saímos de Honduras e entramos em El Salvador. Nós conseguimos, e mais, chegamos à simpática San Miguel, apesar dos inúmeros “reten” policiais, estes, de finalidade duvidosa, pois, sob o pretexto de coibir o tráfico de drogas, o contrabando, a criminalidade em geral, param a todos, indiscriminadamente.
E como estamos em plena Copa do Mundo, nós também participamos das vitórias da nossa seleção. E hoje não foi diferente. Na estrada, ouvindo o jogo pelo radio, mesmo com muita interferência, ouvimos e comemoramos à nossa maneira, o primeiro gol da nossa seleção, contra Costa do Marfim: gritos e buzinas, na imensidão das pradarias de Honduras.
Pernoitamos em San Miguel, Hotel Florência.
"Galo Pinto", o desayuno

Rodovia na Costa Rica

Loja HD em Manágua


Vulcão Telica, na Nicarágua

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