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sábado, 16 de março de 2013

Extrema, Portal de Minas


Quinta-feira, 14 de março.
Gostaríamos de ter ficado mais tempo em Belo Horizonte, desfrutando a hospitalidade e a simpatia do casal de amigos motociclistas Comandante Edgard e Cidinha, mas é hora de partir. Muito obrigado amigos por tudo o que fizeram por nós, desde o socorro na estrada, a acolhida em sua casa, as comidinhas mineiras de Dona Cida, e a conversa franca, amiga e descontraída que tivemos nestes dias. Que Deus os proteja, e esperamos para breve, muito breve, novamente desfrutar a vossa companhia numa viagem de moto, para algum lugar, bem longe, de preferência.
Comandante Edgard e Cida, nossos amigos de Belozonte
A saída de Belo Horizonte, naquela hora da manhã – já passava das nove – foi muito tranquila. Em poucos minutos já estávamos na Fernão Dias, que nos levaria até Extrema, divisa com o Estado de São Paulo, nosso próximo destino.
Uma vista da Lagoa da Pampulha, bem Belozonte

Saindo de BH

Rodando na Fernão Dias: duplicada e pedagiada

Paradinha básica para o lanche perfeito
É lá que trabalha, e mora, um grande amigo meu. O Pedro. Conheci o Pedro em 1967, em Três Corações, Minas, quando fizemos juntos o curso de Sargento de Infantaria, na EsSA – Escola de Sargentos das Armas. E desde então, nunca mais nos vimos.
Com o amigo Pedro, no Bar do Edu, em Extrema

O Pedro mais eu
E agora, mais de quarenta e cinco anos depois, encontro ele ainda trabalhando. É dentista.
Pedro fala bastante e rápido. Tem muita pressa em me contar sua história, a história de sua vida. Quando jovem, sargento recém-promovido, foi classificado no 4º Regimento de Infantaria, em Quitaúna, São Paulo, e que, na madrugada de 26 de junho de 1968, se tornou palco de um sangrento atentado a bomba por militantes da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), um grupo combatido pelas forças armadas brasileiras, por tentar implantar pelo terror, o regime comunista em nosso País. Nesse dia Pedro era o comandante da guarda do quartel. A guarda alerta conseguiu impedir que o atentado se consumasse, mas não a explosão de uma bomba com cinquenta quilos de dinamite onde morreu um soldado e ficaram feridos outros seis.
Em Extrema ficamos hospedados no Hotel San Marco.

Sexta-feira, 15 de março.
Extrema é uma típica cidade mineira, pequena, limpa e muito aconchegante, apesar de suas ladeiras bastante íngremes. Também pudera, fica na Serra da Mantiqueira. O dia amanheceu frio, justificando usar sob a jaqueta, pela primeira vez, uma camiseta de mangas compridas que carregamos durante toda a viagem.
Em Extrema, encilhando a moto para a viagem

Que bela cidade!
Retornamos à rodovia Fernão Dias e por ela fomos até São Paulo, onde tomamos a Marginal Tietê, que naquela hora, já passando das nove, estava com o trânsito fluindo normalmente. Na Marginal, minha preocupação é não invadir a pista proibida para motos. Não quero problemas agora no final da viagem. Muita atenção ao mudar de faixa. Mas mesmo assim, alguém de um automóvel me sinaliza que estamos em faixa proibida. Então volta para onde se permite motos.
Pilotando na Fernão Dias

Chegando a São Paulo

Na Marginal Tietê
Tinha a intenção de ir pela Marginal até a Castelo Branco, para dali pegar o Rodoanel, mas tomei o acesso errado e quando vi estávamos na Bandeirante. Isso aumentou uma meia dúzia de quilômetros, mas em compensação rodamos numa das mais, senão a melhor rodovia do país.
Do Rodoanel pegamos a Régis até Curitiba, depois a BR 376 até Garuva e por fim a BR 101 até em casa, onde chegamos por volta das oito da noite. Molhados, pouco cansados, mas felizes por termos completado com sucesso mais uma bela jornada.
Túnel no Rodoanel Mário Covas

Descendo a congestionada Serra do Cafezal, na Régis Bitencourt

Na Régis, subindo a Serra do Azeite, já próximo a Curitiba
Resumindo:
Foram sessenta dias de viagem, e passaram tão rapidamente, que até parece foi ontem que saímos de casa;
Rodamos 16.700 quilômetros, mais os trechos de barco, nos rios Madeira e Amazonas, e entre Macapá e Belém;
A moto, uma BMW R 1200 GS Adventure Premium ano 2009 revelou-se, mais uma vez, apropriada para este tipo de viagem, principalmente por estradas com pavimento em mau estado, ou sem pavimento: de terra, lama ou areia. Enfrentou e venceu com facilidade trechos de estrada de difícil acesso, apesar de estar com carga máxima: piloto, garupa e três maleiros contendo toda a nossa bagagem;
Cruzamos por 21 Estados Brasileiros e três países estrangeiros (as Guianas);
Com a passagem pelo Amapá, contabilizamos visita a todos os Estados Brasileiros (incluindo outras viagens);
Com a passagem pelas Guianas, contabilizamos visita em todos os países da América do Sul;
Concluímos o desafio do Cardeal Fazedor de Chuva, que consiste em ir de moto aos pontos extremos do Brasil (Ponta Seixas, Chui, Mancio Lima e Uiramutã);
Ficamos a um passo de concluir o desafio do Bandeirante Fazedor de Chuva, que consiste em visitar todos os Estados do Brasil, comprovando o feito com foto feita em frente ao Palácio sede do Governo do Estado. Resta-nos a foto em Florianópolis, propositalmente deixada por último, mas que oportunamente a faremos;
Encontramos e revimos vários amigos motociclistas, e fizemos outros tantos novos amigos;
Encontramos e revimos vários amigos dos bons tempos de caserna;
Tivemos o privilégio de ter nossa viagem acompanhada por amigos e familiares, tanto no Facebook, quanto em nosso blog, como na página dos Fazedores de Chuva. A todos, nosso muito obrigado, principalmente pelas mensagens de incentivo que mandaram;
Por fim, agradeço a Deus por me dar saúde para poder viajar de moto, e por ter me dado essa companheira maravilhosa com quem divido as estradas, a Grande Cacique Fazedora de Chuva Terezinha, que em todos os momentos, mesmo nos mais tensos, nunca desanimou, mas me deu forças e coragem para seguir em frente. É um privilégio tê-la como garupa, companheira e principalmente, como esposa.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A Conquista das Guianas


Quarta-feira, 20 de fevereiro.
O custo de vida em Caiena, e em toda a Guiana Francesa, é muito alto para nossos padrões. A gasolina custa 1,73 Euros o litro, equivalente a R$4,53. A diária no Novotel em apartamento standart para duas pessoas, custou 211 Euros (R$555,44). Um lanche para dois no restaurante do Novotel, custou R$101,35.
Ontem à tarde, enquanto conhecíamos a cidade, encontramos um supermercado Carrefour bastante grande. Entramos para conhecer, e ficamos impressionados com o que vimos. Enorme, repleto de produtos das mais diversas procedências, notadamente da França. A gôndola de águas parecia não ter fim: uma infinidade de marcas, tamanhos e preços. E a de vinhos então! Do mundo inteiro, mas especialmente os franceses. Queijos, presuntos, patês, chocolates, lácteos, de deixar qualquer um boquiaberto.
A Rodovia N2, na Guiana Francesa. Pavimento impecável.

Ponte estreita. Um veículo por vez

Cruzando a ponte estreita

A N2 corta a floresta
N2 é a rodovia que liga Caiena e Saint Georges de l´Oyapock. São aproximadamente duzentos quilômetros de estrada boa, asfalto perfeito, sem buracos, sem surpresas nas entradas e saídas de pontes, pouco movimento, mas com muitas curvas. Tem-se a impressão de que quando construíram a rodovia, a maior preocupação foi não agredir a natureza, por isso ela é estreita e ondulada, acompanhando o capricho do terreno, com poucos cortes de morros e quase nenhum aterro. E como tem acontecido nos últimos dias, a chuva foi nossa companheira. Estamos virando sapos.
Chegando à fronteira

O Brasil está logo ali!

Instalações fronteiriças no lado da Guiana Francesa

Terezinha foi conferir

Ao fundo, a ponte que liga os dois países, ainda não inaugurada

Aí está ela.
A saída da Guiana Francesa ainda é pelo centro da pequena cidade de Saint-Georges, onde está o prédio da PAF – Police aux Frontières, ramo da Police Nationale encarregado da vigilância de fronteiras, que funciona das 8 às 12 e das 14 às 18 horas, e onde se toma a balsa para a travessia do rio Oiapoque. Ou, na falta desta, via transporte alternativo.
Centro de Saint Georges, na Guiana

O rio Oiapoque, visto do centro de Saint Georges

Praça central de Saint Georges

Repartição Pública na Guiana
A ponte que liga os dois países já está pronta, porém não pode ser utilizada porque ainda não foi inaugurada. Não foi inaugurada, porque o governo brasileiro não cumpriu sua parte no acordo para a ligação asfáltica entre os dois países. No lado da Guiana está tudo pronto: estradas e acessos asfaltados, instalações policiais, alfandegárias e de outros órgãos de controle. No lado brasileiro, nada! Nada de acessos, nada de instalações. Inclusive falta asfaltar mais de cento e cinquenta quilômetros da BR 156, que liga Macapá à cidade de Oiapoque. Inacreditável!
Preparando para embarcar

Canoa a postos...

Rampa em posição...

Todo cuidado é pouco!

E aos poucos ela vai se acomodando na canoa

Um trabalho de paciência...
A travessia do rio Oiapoque é feita através de uma balsa, mas como nesta época o movimento é pouco, ela quase não opera. Somente quando é solicitada, e custa 400 Euros a travessia. Isto significa que, se passar só a moto, tem que pagar integral. Dois ou mais veículos, dividem. Como só havia nós para passar, então, para a moto, a solução é o transporte alternativo, em pequenas canoas.
Já está quase lá!

Acertando os últimos detalhes...

Amarrando firmemente. Nós de marinheiro!

Moto embarcada, aproveito para uma pequena faxina...

Conferindo a segurança

Embarcando...
Existem dois grupos de “atravessadores” do rio. O amarelo (porque usam camiseta amarela) e o verde (camiseta verde), e que, quando veem algum provável cliente, imediatamente começam a disputar quem levará. Depois de presenciar acirrada discussão, mútua troca de acusações, elogios e outras sutilezas, optamos por um grupo misto: chefe verde e dois auxiliares, um amarelo e um neutro. E eu reforçando a equipe. Custou 60 Euros, aí incluídas a carga e descarga. Sim, porque não é fácil colocar uma moto grande em uma canoa pequena, que não é apropriada para isso. Terezinha ficou encarregada de fotografar as operações de carga e descarga. E como sempre, o fez com muita competência. A chuva prejudicou um pouco a “fotografação” do desembarque, que foi feita à distância, de um abrigo próximo.
Navegando...

Olhos atentos!

A ponte que não foi inaugurada ainda

Ali está Oiapoque
Moto embarcada, lá vamos nós em direção ao Brasil. A travessia demora em torno de meia hora, isto porque é necessário navegar rio acima, por uns três ou quatro quilômetros. Nesse ponto, o rio Oiapoque tem largura variando de trezentos a quinhentos metros, águas limpas, calmas, e intenso movimento de pequenas embarcações, tanto de pescadores em direção ao Oceano, quanto de ribeirinhos, turistas e motociclistas.
Desembarcando no Brasil

Verdadeira operação de guerra

Finalmente

A equipe. O chefe exibe orgulhoso seus Euros merecidamente ganhos
Ao deixarmos a Guiana Francesa para trás, veio-me à lembrança um dos objetivos dessa viagem: visitar os últimos três países da América do Sul que ainda não conhecíamos, ou seja, as Guianas, de moto. Tarefa cumprida!
Agora vamos para o objetivo seguinte: visitar e nele rodar de moto, o único estado brasileiro que ainda não conhecemos: o Amapá. Não querendo ser otimista, mas acho que cumprimos esse objetivo também, ao nos deslocarmos do desembarcadouro até o hotel, em Oiapoque. Foram apenas quinhentos metros, mas pertencentes ao Amapá.
Vista do Hotel Floresta

Aqui começa o Brasil

Belo marco, visto por outro ângulo

E por outro

E por outro

Mais uma para fixar bem!
No centro da cidade de Oiapoque, às margens do rio, encontramos um marco, muito bonito, bem conservado, com bandeira do Brasil hasteada, e com os dizeres: “Município de Oiapoque. Aqui inicia o Brasil”, e trechos do nosso Hino Nacional. Não tivemos dúvida: fotografamos para marcar nossa passagem pelo local.
Agora, eu e Terezinha já podemos dizer que fizemos “do Oiapoque ao Chuí”, de moto.
A ponte, vista da cidade de Oiapoque

Uma geral do monumento, com a Bandeira do Brasil hasteada

Outrasita mas...
Estamos hospedados no Hotel Floresta (www.floresta.fr), telefones (96) 8807-6168, 3521-1250 e 4204-021, na margem do rio Oiapoque. Hotel simples, confortável, preço razoável e com vista privilegiada do rio.