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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

De volta prá casa

43º e 44º dias da viagem
Saímos de Assunção perto das onze horas da manhã e seguimos em direção a Ciudad Del Este sem muita pressa. No caminho, passamos em frente à majestosa sede da Confederação Sulamericana de Futebol, um conjunto de prédios modernos e muito movimentados. Coisas do futebol!
Fizemos várias paradas para descanso, beber água, apreciar a paisagem, lanchar, para deixar o tempo passar, e chegamos a Ciudad Del Este por volta das cinco da tarde, e mesmo assim, o movimento para acesso à ponte era intenso.
Não podíamos esperar mais, e resolvemos encarar o congestionamento de motos, vans, ônibus, caminhões, automóveis e pessoas, na tentativa de cruzar a fronteira.
E não foi tão difícil quanto pensamos.
Em menos de cinco minutos estávamos liberados pela aduana e imigração paraguaias, e em outros cinco já rodávamos em estradas brasileiras. Como é bom estar de volta à nossa terra.
Ao cair da noite, já estávamos hospedados no Hotel Deville, em Cascavel, às margens da rodovia.
O 7 de setembro amanheceu sem chuva. Novidade, já que chove na região há vários dias. Nossa última etapa da viagem, de setecentos quilômetros, estava começando.
Movimento intenso na BR 277. Trânsito congestionado, devido ao grande movimento de grandes e lentos caminhões e poucos pontos de ultrapassagem.
A chuva nos alcançou em Joinville, a apenas noventa quilômetros de casa, e no quadragésimo quarto e último dia da viagem.
Chegamos em casa por volta das seis da tarde. Pouco molhados, mas muito felizes, por termos concluído esta jornada, sem qualquer tipo de incidente/acidente.
E nisso, a moto teve papel fundamental. Nenhum problema. Encarou diversos tipos de estradas, asfalto, rípio, altitudes, desertos, sobrecarregada com piloto, garupa e bagagem, e não apresentou o menor defeito. Nada! Beleza de máquina, essa Adventure!
Fomos muito bem recebidos em todos os lugares por onde passamos, onde deixamos muitos amigos. Nosso agradecimento especial a todos, mas gostaríamos de citar cinco deles: o casal Fernanda e Geraldo, de Campo Grande, o Maicon e a Cynthia, de La Paz, e o Lito, de Salta. Obrigado amigos, vocês tornaram nossa viagem bem mais agradável.
Meu especial agradecimento à minha companheira/garupa/esposa/cúmplice, pelo apoio incondicional, e pela agradável companhia durante toda a viagem. Você é especial!
Obrigado Deus, por estar sempre conosco!






segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Asunción

42º dia da viagem
O dia amanheceu cinzento, frio, fortes ventos açoitavam a planície do chaco. O sol, vez por outras, mostrava sua cara por detrás de densas nuvens: parecia uma moeda de ouro reluzindo no infinito. Bom para viajar em moto.
Em Ibarreta deixamos a RN 81 para seguir por estradas secundárias, cortando caminho para Clorinda, em vez de ir até Formosa, para depois subir pela RN 11.
Em Clorinda, ambas as aduanas funcionam no lado paraguaio. Simples, rápido, sem fotocópias, sem filas. Num instante, e já estamos rodando por terras paraguaias.
Em Assunção, nos hospedamos no Hotel Ibis. Novinho em folha, bem defronte ao Shoping Sol. Ideal para viajantes.
Mas hoje é um dia especial para nós. Especial porque estamos vivos, e juntos há exatos quarenta e um anos.
Foi no dia 5 de setembro de 1970, em Florianópolis, na Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, no Saco dos Limões, que nos casamos. Lembro-me como se fosse ontem, quando o Padre Cardoso nos uniu para sempre. E de lá para cá, tivemos muitas alegrias. Três filhos maravilhosos, três noras e quatro netos. E nos últimos dez anos, uma dedicação quase doentia em viajar. Viajar em moto. Quando viajamos em moto, esquecemos todos os problemas, as dores, os remédios, os médicos. Santo remédio!
Dada a importância da data, hoje teve jantar melhorado. Fomos a uma churrascaria brasileira matar as saudades de uma boa picanha com feijão mexido.
Amanhã pretendemos ir até Cascavel. Não está longe, mas prefiro sair daqui mais tarde, e passar a Ponta Internacional da Amizade, em Foz, depois que diminuir o movimento dos compristas, por volta de quatro da tarde.





domingo, 4 de setembro de 2011

Tren a las Nubes


40º e 41º dias da viagem
Finalmente conseguimos realizar um sonho antigo, que temos buscado desde 2004, quando tomamos conhecimento da existência do Tren a las Nubes. Depois de várias tentativas frustadas, eis que chega o grande dia.
Tenho uma grande atração por trens, herança do meu pai, que foi mecânico das lentas e barulhentas locomotivas conhecidas por maria fumaça. Nele eu sentia uma grande paixão pelos trens. E isso passou para mim.
Nosso passeio começou bem. Muito bem, por sinal. Através do nosso amigo Jorge Pimentel, contactamos com Lito, da agência Aletur, de Salta, para a compra das passagens. E qual não foi a nossa surpresa, quando o Lito nos entregou os bilhetes, de cortesia!!!! Fantástico! Obrigado Lito. Obrigado Pimentel!
O “Tren a las Nubes” parte da estação de Salta às 7:05 da manhã. Percorre 217 quilômetros até o viaduto La Polvorilla, atravessando 29 pontes, 21 túneis, 13 viadutos, 2 “rulos” e 2 “zigzags”, extendendo-se a viagem em 16 horas até voltar à cidade de Salta.
A altura de suas vias, que chegam a 4.200 metros sobre o nível do mar, o converte em um dos trens mais altos do mundo.
Durante todo o recorrido se realizam duas paradas: uma, no viaduto La Polvorilla, e outra ao iniciar o regresso, na estação de San Antonio de los Cobres.
A paisagem que se descortina das janelas do trem é impressionante. Inicia em região verde, que vai mudando lentamente, até a vegetação característica da puna, algumas poucas touceiras de um capim seco por absoluta falta de água, e violentamente castigado por fortíssimos ventos, e cactos.
Em San Antonio de Los Cobres, dia de trem é dia de festa. Festa que a população faz para receber os turistas, para poder oferecer seus produtos de artesanias, suas comidas, cantar suas músicas.  Tudo é válido para agradar e receber algum valor em troca.
Belíssimo passeio.
E hoje, outro desafio: conhecer a RN 81, que atravessa o chaco argentino, ligando as cidades de Tartagal a Formosa. Rodovia deserta, cortando uma região desértica. Às vezes parecia que estávamos sós no mundo, tamanha a solidão da região.
Ao final da tarde, um oasis chamado Las Lomitas. Pequena cidade que serve de descanso para os viajantes. E aí encontramos um hotel que nos surpreendeu: El Portal Del Oeste. Não pensamos duas vezes: é aqui que vamos nos “quedar” por hoje.
Amanhã, Asuncion.











sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Salta, La Linda


Saímos de Santa Cruz rumo sul, em direção á Argentina. Estrada boa, pouco movimento, curvas suaves, parecia que bailávamos enquanto a moto vencia a distância. Neste trecho, há que ter-se um pouco de cuidado, pois é grande o número de animais – vacas, cabritos, porcos - cruzando a pista.
Em uma gasolinera de VillaMontes encontramos um grupo de motociclistas bolivianos e italianos, também indo para a Argentina. Cumprimentos de praxe, foto para recordação.
Em Yacuiba, a fronteira. Trâmite normal, rápido, funcionários atenciosos. Nada de fotocópias. Num instante, e já estamos na Argentina.
À medida que a Bolívia ia ficando para trás, vinha-me à memória os bons momentos que lá passamos. Nenhum contratempo tivemos. Em todos os locais, sempre fomos muito bem recebidos e bem tratados. Nas poucas vezes que fomos parados pela polícia caminera, era somente para saberem de onde vínhamos e para onde íamos, para logo em seguida nos darem as boas vindas e desejarem boa viagem. Já estou começando a sentir saudades da Bolívia. Algum dia, haveremos de voltar, para rever os amigos que lá fizemos, especialmente o Maico, em La Paz, e a Cynthia, em Oruro.
Agora, temos a Argentina pela frente. Nossa velha conhecida, nossa grande rival no futebol.
Pernoitamos em Tartagal, hotel Las Alicias.
Chegamos a Salta por volta do meio dia. Instalamos-nos no Hotel Ghala, e fomos para o primeiro compromisso: almoçar um suculento bife de chorizzo no restaurante La Rinconada, acompanhado de uma geladíssima Quilmes. Que delícia!
O restante da tarde ocupamos para nos organizar para o passeio de amanhã, no “tren a las nubes”. Muita expectativa para esse passeio.










quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Santa Cruz de La Sierra


36º e 37º dias da viagem
Cochabamba é considerada a Capital Gastronômica da Bolívia. E não é para menos. Por lá se come muito. E muito bem. E para encerrar nosso tour gastronômico pela cidade, fomos jantar no “Casa de Campo”, um dos muitos restaurantes especializados em comida típica boliviana, onde tivemos a oportunidade de apreciar um “sillpancho”: um enorme bife empanado de rês, do tamanho do prato, bem fino e muito macio, decorado com dois ovos fritos e temperinho verde picante, sobre uma guarnição de arroz e papa fritas. Ideal para a noite, segundo os entendidos. Aprovado!
A viagem até Santa Cruz foi sem muitas novidades. No início, montanhas. Subimos a pouco mais de quatro mil metros, para depois baixar a menos de mil, numa estrada movimentada e com muitas falhas geológicas, onde, em trechos de cem a duzentos metros não existia asfalto, e sim calçamento com pedras irregulares, mas em bom estado. E curvas.
Depois a planície, imensa, coberta por frondosa vegetação. Temperatura em torno de trinta e quatro graus. Estrada com pavimento bom, mas cruzando por muitos povoados, sempre com feiras, muitos pedestres, escolares, veículos lentos.
Assim chegamos a Santa Cruz, no começo da tarde, e nos hospedamos no Hotel Royal Lodge.
Hoje aproveitamos para levar a moto à oficina. Precisava de um bom banho, afinal ainda estava com lama de Coroico, e calibrar os pneus. Está havendo um desencontro entre os sensores da pressão dos pneus da moto, e os calibradores dos “lhanteros”. É bom lembrar que, tanto aqui na Bolívia quanto no Peru, os postos de gasolina não possuem aqueles calibradores eletrônicos que temos no Brasil. Alguns têm simplesmente o bico de ar, e a pressão é aferida com calibrador manual. Daí um lembrete: quando vier para cá, traga o seu calibrador. Não custa nada!
Na Andar Motors, concessionária BMW Motorrad para a região, fomos recebidos pelo Chefe do Departamento de Garantia e Posvenda, Nicolás Demmer, que nos atendeu com muita cordialidade e atenção, e ao final do dia, nos devolveu nossa motoca limpinha, cherosinha, calibradinha, e ainda nos arregalou camisetas.
Amanhã iremos em direção a Salta, na Argentina, com intenção de cruzar a fronteira em Yacuiba, e chegar até Tartagal, para pernoite.












segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Cochabamba

34º e 35º dias da viagem
Deixamos para trás uma Potosi já bastante tranqüila, se recuperando da agitação dos últimos dias, quando sediou o festival denominado Ch´utillos, onde milhares de pessoas e devotos de São Bartolomeu, se divertem nas ruas, acompanhados por bandas de música típica, danças corporais, morenadas, diabladas, e outras.
Até Cochabamba, serão 525 quilômetros de muitas curvas e poucas retas.
Parada para almoço em Oruro, no restaurante Nayjama, cuja especialidade da casa é assado de cordeiro. Pedimos uma paletita. Estava deliciosa.
Faltando uns cem quilômetros para Cochabamba, um fato nos chamou à atenção. É normal, tanto no Peru quanto na Bolívia, encontrarmos à beira da estrada, pastores com seus cães cuidando de rebanhos de lhamas, alpacas, cordeiros e ovelhas. Mas agora, apenas cães. Muitos cães, espalhados, como que a cada meio quilômetro, havia um, sentado, pacientemente olhando o trânsito dos veículos. Mais tarde fomos saber, que são cães de rua, que vivem ali, à beira da estrada, esperando que os viajantes lhes atirem um pedaço de pão, ou algum outro tipo de comida.
Em Cochabamba nos hospedamos no Hotel Portales, o mesmo que em 2005 ficamos com nossos amigos Juan e Eluise, Edgar Xará, e Rubão 55 Milhas, quando voltávamos dos encontros em Cusco, no Peru, e Cuenca, no Ecuador.
E hoje foi dia de Citytour, para conhecermos um pouco desta maravilhosa cidade, a terceira mais populosa da Bolívia (menor apenas que La Paz e Santa Cruz), procurada por milhares de jovens, inclusive muitos brasileiros, para cursarem medicina.
Dom Armando foi o nosso guia. Com muita paciência e profundo conhecimento da cidade, levou-nos a apreciar os pontos mais importantes, como o Cristo de La Concórdia (Estátua parecida com o Cristo Redentor, rosto com traços indígenas, o maior do mundo), a Plaza 14 de Setiembre, o Mercado Las Canchas, o Palacete Los Portales (construído em 1925 por Simón Patiño, o “Rei do Estanho”, um dos homens mais ricos do planeta,  e o monumentos Heroínas de La Coronilla, na Colina San Sebastian, que homenageia as mulheres de Cochabamba, que lutaram e venceram os espanhóis numa batalha em maio de 1812.
E culminou nossa visita com um almoço típico boliviano, no restaurante Punto de Encontro, onde pudemos apreciar um “Charque”: prato feito à base de charque de carne de rês, cortado em delicadas fatias, assado em forno até ficar crocante e que se dissolve na boca, isento de gorduras, servido sobre uma cama de papas (batatas) ao vapor, ovos cozidos, choclo hervido (milho cozido) e uma generosa porção de um queijo branco muito suave. E para acompanhar, uma geladíssima Taquiña, a cerveja local feita com água da Cordilheira dos Andes. Nota dez.
Amanhã iremos até Santa Cruz de La Sierra.