segunda-feira, 1 de março de 2010

De moto, à Tierra del Fuego, 28º ao 30º dia







Prá variar, amanheceu chovendo. Bota capa de chuva, e lá vamos nós, cruzar o Uruguay. Decidimos fazer um roteiro um pouco diferente: em vez de irmos pela Ruta 9 até o Chui, passando por Punta del Este, e demais cidades litoraneas, em Montevideo tomamos a Ruta 8, passando por Minas e Trinta y Tres, para chegar na fronteira com o Brasil, nas cidades de Rio Branco e Jaguarão. É um caminho bastante aprazível, com algumas montanhas, muito verde, muitas fazendas de criação de gado, e de quebra, diminui a distância.
A visão da placa indicando a fronteira com o Brasil, faz o coração pulsar mais forte. Afinal, foram tantos dias longe da pátria amada, que, pisar novamente em seu solo, é motivo de muito orgulho e satisfação.
Em Jaguarão, ficamos hospedados na acolhedora Pousada Raio de Sol. Muito confortável, e pessoal muito simpático. Um lugar para voltar.
À noite, um jantar bem brasileiro. Deliciosa picanha mal passada, acompanhada de nada menos que um prato bem grande e bem cheio de feijão mexido. Que delícia!
Dia seguinte, pela manhã, retornamos ao Uruguay, para comprar algumas lembranças na Zona Franca de Rio Branco.
E pé na estrada. Dia quente, bastante sol. Chegamos a Torres. E ficamos por ali, hospedados no Guarita Parque Hotel. Muito bom. Cervejinha na beira da piscina, e outras mordomias mais. Afinal, era domingo e nossa viagem estava caminhando para o fim.
A segunda-feira amanheceu radiante de sol. Ideal para o encerramento de uma grande e bem sucedida jornada de 30 dias. O trecho até Balneário Camboriú foi vencido em poucas horas, pilotando com todo o cuidado que merece um final de viagem, onde percorremos 11.855 Km.
Agradeço a Deus pela companhia, pois sempre esteve conosco em todos os momentos, e à minha garupa, minha inseparavel companheira, que registrou em fotos toda a viagem, e principalmente, por confiar neste piloto.

De moto, à Tierra del Fuego - 27º dia




Nosso objetivo hoje é chegar a Colonia del Sacramento, no Uruguay.
Deixando Santa Rosa, cruzamos por região menos árida, com cidades mais próximas umas das outras, muitas fazendas enormes, e mais movimento de veículos na ruta.
A chegada em Buenos Aires foi tranquila. As excelentes autopistas nos levam diretamente ao centro, sem sinaleiras, sem congestionamentos. Às três da tarde, estacionei defronte a estação de embarque do Buquebus, passagens, check-in, e às quatro e quinze já estávamos navegando, confortavelmente instalados em poltronas reclináveis, ambiente climatizado, cruzando o Rio de la Plata. A travessia demora cerca de uma hora.
Pouco mais, e já estávamos diante de uma Heineken geladinha, e um saboroso lomo grelhado, assado no mais autêntico modo uruguaio, na parrilla El Porton.

De moto, à Tierra del Fuego - 26º dia





Prosseguindo no rumo de casa, nosso objetivo nesse dia era chegar a Santa Rosa, capital da Província de La Pampa.
Sabíamos que este seria um dos trechos mais difíceis da viagem, porque atravessa uma região deserta, de vegetação rasteira e rala, e forte calor. O rali Dakar deste ano, passou por ali, no retorno a Buenos Aires. Vez por outra, encontramos alguns ônibus, que fazem a linha Buenos Aires - Bariloche.
Ao longo da ruta, existem alertas para o perigo de sono ao dirigir, devido às intermináveis retas.
Por volta de duas da tarde, o termômetro da moto marcava inclementes 43 graus.
A chegada a Santa Rosa foi um alívio. Fomos direto para o Hotel Cuprum, um majestoso edifício todo revestido em bronze, e para nossa satisfação, ar condicionado central de primeiríssima qualidade, funcionando a todo vapor. Em seu interior, agradabilíssimos 21 graus. Que delícia! Só de bermudas e camisetas, saboreamos várias Quilmes bem geladas. Afinal, precisávamos repor o líquido perdido com a transpiração durante todo o dia.

De moto, à Tierra del Fuego - 25º dia







Depois de Esquel, nosso plano era ir a Salta, no noroeste Argentino, para o passeio no Tren a las Nubes. Lamentavelmente, o trem não está funcionando, devido a fortes chuvas na região. Então, vamos para o plano B: tocar direto para casa. Marquei no GPS o azimute de Balneário Camboriú, e partimos, tempranito, esperando chegar, neste dia, até Neuquén, capital da província do mesmo nome.
A estrada de Esquel a Bariloche é de rara beleza. Serpenteia entre cerros com topos brancos de gelo, e lagos de um azul profundo, e exuberante vegetação. A temperatura, sempre em torno de 15 graus, é excelente para viajar de moto. Dia bonito, com muito sol, a vontade era ir o mais lento possível, só para desfrutar ainda mais, aquele lugar.
Depois de Bariloche, a ruta segue rumo nordeste, se afastando da cordilheira, do friozinho gostoso, em direção a uma das regiões mais seca e quente de toda a Argentina.
Neste trecho, se destaca, ao longe, na paisagem, a exuberância do vulcão Lanin.
Chegamos em Neuquén de tarde, e, quase sem querer, passamos por ela. Quando vimos, já estávamos na província de Rio Negro, maior produtor de frutas do país. Pernoitamos na pequena cidade de Allen, num excelente hotel, novinho em folha: Grande Hotel Allen. Recomendo.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

De moto, à Tierra del Fuego, 24º dia








O dia amanheceu tranquilo. Nosso destino agora é Sarmiento, para visitar o Bosque Petrificado José Ormachea. A estrada é boa. Seguindo na direção oeste, o vento vem de frente. Está fraco, não incomoda. Cento e cinquenta quilômetros de asfalto e mais 30 de ripio, e estamos no parque.
Florestas formidáveis, de 60 milhões de anos, têm araucárias com quase 3m de circunferência e 15-20m de cumprimento.
No passado, nosso planeta sofreu intensa atividade vulcânica, com subidas e descidas dos continentes e mares, algumas plantas e animais ficaram sepultados por diferentes capas sedimentares. Seus restos conservados no interior das rochas sedimentares, por um período de mais de 5.000 anos, são chamados "fósseis".
Os fósseis podem preservar-se de diferentes formas. Esses troncos o fizeram através da petrificação, processo pelo qual os tecidos vegetais são substituídos por sais minerais do substrato que os rodeia. Dito processo impediu sua destruição, os transformou em pedra e os conservou como réplicas exatas do original.
O parque é imenso, e troncos petrificados, de vários tamanhos e em grande quantidade, podem ser vistos em toda a sua extensão.
Resista à tentação de carregar lembranças.
Mais 450 Km e estávamos em Esquel, onde pernoitamos na agradável Hosteria Cumbres Blancas.

De moto, à Tierra del Fuego, 23º dia




Passamos a noite consultando os sites de previsão meteorológica, porém todos indicavam que os ventos continuariam fortes por mais quatro dias. Caramba! Porém, havia uma chance. Observamos que ontem à tardezinha, o vento diminuiu bastante. À noite também. Nos informaram que os ventos ficavam fortes à medida que o sol esquentava. Então, se saíssemos bem cedo, poderíamos rodar um bom trecho antes do amigo vento se enfurecer, e chegar a algum lugar abrigado, para esperarmos até a tarde, quando ele se acalmasse, para podermos retomar a viagem. Assim fizemos. Acordamos bem cedo, ainda escuro, e pé na estrada, digo, moto na estrada. Fomos avançando assim como quem não quer nada, enquanto o vento permitia. Soprava fraquinho, sem interferir. Fizemos a primeira parada em Piedrabuena, 210 km à frente, para o desayuno e abastecer. No posto nos informaram que o dia anterior foi terrível por ali. O vento foi tão violento, que chegou a virar onibus e camionetes. Caramba! Mas hoje, contrariando as previsões dos meteorologistas, ele estava tranquilo, e nos permitiu chegar até Comodoro Rivadavia. Mais do que bom. Nos hospedamos no Hotel Lucania (excelente), jantamos um delicioso salmão no restaurante Puerto Cangrejo. Foi a única refeição decente naquele dia.

De moto, à Tierra del Fuego, 21º e 22º dias







De El Calafate fomos para El Chaltén. Apenas 220 Km de boa boa estrada.
El Chaltén é conhecida como a "Capital Nacional do Trekking". É uma cidade pequena, típica de sopé de montanha, com apenas mil habitantes, muuuuuuiiiitas pousadas, muuuiiiitos restaurantes, e muuuiiitos turistas com pesadas mochilas. Sua grande atração é o Cerro Fitz Roy, com aproximadamente 3.400 msnm, grande desafio dos alpinistas, por sua difícil escalada (paredões íngremes e lisos). É uma excelente opção para quem gosta de caminhadas, com várias trilhas em torno do cerro, e outras, já de maior dificuldade, somente para alpinistas experientes, em diversos picos da região.
Dia seguinte amanheceu bonito, muito sol, pegamos a estrada em direção a Puerto San Julián, desviando por Rio Gallegos para evitar longo trecho de ripio. Saimos temprano, afinal seriam 750 km. Sol na cara, vento nas costas. Beleza. Isto no começo. À medida que nos afastávamos da Cordilheira, o amigo vento começou a mostrar suas garras. E que garras! Soprava em direção ao Atlântico (Oste --> Leste). Quando a estrada seguia nos rumos leste, ou sudeste, tudo bem. Até ajudava. Mas quando a estrada tomava rumo sul, o vento batia de lado, parecia que ia nos jogar, com moto e tudo, para fora da estrada. Para compensar a força do vento, eu vinha sentado na perna esquerda, com o corpo todo para fora da moto, puxando-a para a direita, contra o vento. Minha garupa fazia o mesmo, praticamente sentada sobre a mala direita.
Numa parada técnica, em La Esperanza, nos desaconselharam seguir viagem além de Rio Gallegos, porque dali tomaríamos rumo norte, com o amigão nos açoitando pela esquerda. Aquele trecho estava impraticável para motos. Segundo alerta meteorológico na internet, o vento sopra com velocidade entre 60 a 90 km/h, com rajadas superiores. E essas rajadas é que são o terror dos motociclistas.
Por isto, paramos em Rio Gallegos e nos instalamos no Hotel Austral (Excelente). Saboreando uma deliciosa Stella Artois, consulto as previsões meteorológicas para amanhã, e avalio a possibilidade de seguirmos viagem. Acabamos de saber que até o Transbordador Austral (grande ferry-boat que faz a travessia do Estreito de Magalhães na Primeira Angostura) suspendeu atividades, devido a altas ondas provocadas pelos fortes ventos.

De moto, à Tierra del Fuego, 18º ao 20º dia











Saimos de Puerto Natales debaixo de forte chuva. O trecho previsto para hoje, de apenas 270 Km, não deveria oferecer grandes dificuldades, a não ser se o amigo vento...
A aduana chilena está logo à frente. Sem filas, sem dificuldades. Um pouco mais, e estamos na aduana argentina, na cidade de Rio Turbio. Sem problemas. Aproveito para abastecer a moto, já que a gasolina aqui é bem mais barata, e, pela famosa Ruta 40, seguimos para El Calafate.
Para evitar um trecho de ripio, fomos por Esperanza.
Nesta época do ano, férias escolares, El Calafate é muito movimentada. Gente do mundo todo lotando os hotéis e restaurantes. Todos têm um único objetivo: ver o Glaciar Perito Moreno, a 80 Km da cidade. Para isso, reservamos um dia inteiro. E é pouco. O belíssimo espetáculo da natureza merece ser admirado por muito tempo. As pessoas não se cansam de ficar olhando para aquela imensa massa de gelo formado a milhares de anos, que escorre da montanha, percorrendo um metro por dia, para, aos estrondos, em imensos blocos, romper e despencar no lago Argentino.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

De moto, à Tierra del Fuego, 15º ao 17º dia











De Punta Arenas a Puerto Natales são aproximadamente 250 quilômetros de boa estrada, e, se o vento deixar, uma viagem muito tranquila. Chegamos por volta de meio dia e, nada de restaurante aberto. Tudo fechado por conta da eleição. Conseguimos encontrar uma quitanda aberta e resolvemos o problema: salada de frutas para o almoço: ameixas, palta, damascos frescos, uvas, laranjas, bananas, morangos...
Ficamos hospedados no Residencial Casa Cecília. Pequena, simpática e acolhedora pousada, não tem restaurante, mas uma bem equipada cozinha à disposição dos hospedes.
A vida (comer) só voltou à normalidade no final da tarde, quando abriu um supermercado e alguns restaurantes.
Dia seguinte, visitamos o magnífico Parque Torres Del Paine e Cueva del Milodon. Na terça feira, embarcamos na lancha Agunsa Tonina, que, navegando pelos fiordes chilenos, nos levou a conhecer os glaciares Balmaceda e Serrano. Este belo passeio terminou com almoço em uma estância, onde foi servido um espetacular Corderito Magalhánico, assado ao Palo. Fantástico!

De moto, à Tierra del Fuego, 13º e 14º dias





Deixamos Ushuaia com um friozinho de 6 graus, em direção a Punta Arenas, no Chile. Seiscentos e poucos quilometros, sendo uns 120 de ripio, mais passagem de fronteira e travessia do Estreito de Magalhães. O amigo vento veio junto, inclemente, impiedoso, assoviando pelas frestas do capacete, forçando a moto para fora da estrada. Mas também arrumamos outro amigo, muito mais simpático e caloroso: o sol. Bem vindo.
A fila na aduana argentina estava quilométrica. E sem colher de chá. Duas horinhas de fila, e pronto. Lá fomos nós enfrentar o ripio até a aduana chilena. Só alguns quilometrinhos e pronto, ali está. Tranquila, pouca gente, funcionários corteses, quinze minutos e pronto. Lá vamos nós agora, encarar cento e poucos quilômetros de ripio. Só que com uma diferença: hoje sem chuva. Estrada seca, recém aplainada, só um poquito de poeira. Bem mais simpática, assim. Ripio, com chuva, como já dizia o grande profeta Falcão, não há coração que aguente!
Por fim, a travessia do Estreito de Magalhães. Fila enorme para o Transbordador Austral. Mas minha garupa, muito espertinha, foi logo lá na frente e resolveu tudo: conseguiu com o responsável pela fila, autorização para a moto avançar e ocupar seu lugar à frente. Jóia. Vou pagar passagem e nada! Hoje moto é free. Beleza!
Depois mais um trechito de pavimento impecável e pronto. Estamos em Punta Arenas, a cidade chilena mais austral, devidamente instalados no hotel Carpa Manzano.
Jantinha, bainho, internetinha e caminha.
Dia seguinte fomos conhecer a cidade. Citytour, visita à Zona Franca. Final de tarde, a cidade está agitada. Amanhãserão as eleições presidenciais. Fomos para o hotel descansar das andanças do dia, e, quando saímos para jantar, surpresa! Quase ninguém pelas ruas, e pior, todos os restaurantes fechados! Descobrimos que, por conta das eleições, não são permitidas aglomerações em lugares públicos (incluindo restaurantes) a partir das 9 horas da noite anterior. Com essa não contávamos! Felizmente conseguimos uma pizza para comer no hotel.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

De moto, à Tierra del Fuego - 10º ao 12º dia







Reservamos 3 dias inteiros para para conhecer um pouco de Ushuaia. Nosso primeiro dia amanheceu chuvoso, o que não nos impediu de irmos até a Baia de Lapataia (35 Km sem asfalto), registrar a nossa chegada ao final da Rua 3, com foto junto ao monumento lá existente.
No dia seguinte fizemos um passeio de catamarã, pelo canal de Beagle. Dia todo navegando. Observamos colonias de lobos marinhos, de cormorões, de pinguins, e por fim, visitamos a Estancia Harberton, a pioneira na região. Fazia muito frio.
Para o último dia, visita ao Cerro Martial, donde se tem impressionante vista da cidade e do canal. Muito bonito. À tarde, fizemos um citytour, num simpático, e antigo onibus de dois andares. Encerramos nossa visita a Ushuaia, com um jantar especial: centolla.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

De moto, à Tierra del Fuego - 9º dia




Amanheceu chovendo. Bota capa de chuva e toca. Alguns quilômetros, e lá está a fronteira com o Chile. Aqui são aduanas integradas: Argentina e Chile num mesmo prédio. Na aduana chilena, enorme painel alerta para a proibição de entrar no país com produtos de origem animal e vegetal, principalmente queijos e frutas. Quem pretende ir ao Chile, muita atenção para esse detalhe. Uma inocente maçã esquecida em sua bagagem, pode complicar a viagem.
Tivemos sorte. Em uma hora mais ou menos, estávamos prontos para seguir adiante.
Continua chovendo. Próxima etapa, cruzar o Estreito de Magalhães, logo à frente. Apesar da chuva, não tem vento. Menos mal. Fortes ventos, comuns na região, suspendem o serviço. Com o mar calmo, a travessia é feita sem problemas. O gigante Transbordador Austral, recheado de automóveis, camionetes, enormes caminhões, e uma moto (a nossa), cruza a Primeira Angostura em pouco mais de 20 minutos, escoltado por simpáticos golfinhos. Pronto. Desembarcamos na Isla Grande de Tierra del Fuego, ainda território chileno. Mais alguns quilômetros de excelente estrada pavimentada, e chegamos a Cerro Sombrero, onde inicia o trecho de ripio. São aproximadamente 120 quilômetros até a fronteira com a Argentina. Sem dúvida, o pior trecho da viagem, até aqui. A mistura de ripio com chuva é cruel. E para complicar, automóveis, camionetes e caminhões, trafegando em alta velocidade, indo ou vindo, espalham muita lama, cobrindo-nos dos pés à cabeça. Muita atenção e cautela nessa hora. Depois de quase duas horas de persistência, chegamos à aduana chilena. Muitos turistas indo e vindo. Longas filas, e lá vamos nós, enfrentá-las. Muita paciência. Não existe aposentado estressado. Calma. Quase duas horinhas de espera, e estamos prontos. Mais alguns Km à frente, ripio, lama, muita lama, e eis, a aduana argentina. Novamente longas filas, muitos turistas indo e vindo. E por uma infeliz coinciência, sempre a fila que a gente precisa pegar, é a maior... Espera, calma paciência, e pronto. "Listo". Depois de tantos problemas, a primeira recompensa: o asfalto. Que maravilha! Agora está perto. Rodamos ainda quase 300 quilômetros, muita chuva e frio. De repente a paisagem começa a mudar, surgem montanhas com neve no topo, e de repente ali está ela, bem à nossa frente: a bela cidade de Ushuaia. Nós conseguimos chegar!
O frio está de rachar. Toco direto para o hotel Terrazas del Beagle. Que delícia entrar num quarto quentinho, beber uma xícara de chá, tomar um banho, vestir uma roupa seca. São quase oito horas da noite, quando me lembro que o dia foi tão movimentado, que sequer tivemos tempo para almoçar. Prá falar a verdade, acho que nem me lembrei que precisava comer.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

De moto, à Tierra del Fuego - 8º dia







A viagem hoje foi tranquila, apesar do frio, que já começa a chegar. Saimos de Puerto San Julián com 13 graus e chegamos a Rio Gallegos com 15. O amigo vento esteve calmo o dia todo, o que tornou a viagem bastante agradável.
Muita atenção ao trafegar nesse trecho da ruta 3. Muitos guanacos, aos bandos, pastam às margens da rodovia, constituindo em verdadeiro perigo para motociclistas, pois, alguns, ao sentir a aproximação da moto, fogem em desabalada carreira, correndo para qualquer lago, inclusive, cruzando a pista.
Nesse trecho, a Ruta 3 passa próximo ao Gran Bajo de San Julián, que pretendíamos visitar, porém não foi possível, pois é proibida a entrada. No local existe uma unidade compressora de gas barrando o acesso. Esse local é a maior depressão das Américas, com 103 metros abaixo do nivel do mar. Ficamos deveras decepcionados, pois trata-se de acidente geográfico extremamente importante, e não se pode visitar. Fica aqui o nosso protesto.
Amanhã teremos a última etapa, de ida, da nossa viagem. Serão quase 600 Km, com alguns complicadores: duas aduanas (ou quatro: sai da Argentina, entra no Chile; sai do Chile, volta para a Argentina), travessia do Estreito de Magalhães, e, alguns, muitos, não sei quantos, quilômetros de ripio. Espero que o nosso amigo vento esteja de ressaca e se acomode, e que não chova.
Será pedir muito? Acho que não custa pedir.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

De moto, à Tierra del Fuego - 7º dia


Despacito, assim como quem não quer nada, vamos avançando. Chegamos a Puerto San Julián, Província de Santa Cruz. Uma simpática cidadezinha portuária, muito moderna, planejada, largas avenidas, e nada prá fazer. O nosso amigo vento, hoje um pouco mais calmo, se portou de maneira civilizada.

Numa das paradas, encontramos um motociclista solitário, de Florianópolis, numa valente XT. Também ia para Ushuaia. Trocamos muitas idéias, experiências, e depois viajamos juntos o trecho até aqui, onde nos separamos na entrada da cidade. Ele seguiria adiante, para pernoitar em Rio Gallegos.

O frio está começando a chegar. Hoje pela manhã já pegamos 17 graus, e durante toda a viagem, o termômetro não marcou mais do que 20. O sol não deu as caras. Prá quem viaja de moto, essa temperatura é muito agradável, já que, por questão de segurança, precisamos usar roupas apropriadas, com proteção contra quedas, e naturalmente, quentes.

Já aparecem alguns guanacos soltos, pastando às margens da rodovia. Atenção!

Ficamos no Hotel Bahia. Muito bom.

Jantamos no Nau, onde saboreamos um "corderito patagónico al horno". Excelente!

Ah! Ontem degustamos um Luigi Bosca Malbec. Fantástico!

Amanhã seguiremos até Rio Gallegos