quinta-feira, 22 de setembro de 2011

León e Guanajuato

Sexta-feira, 25/Jun (28º dia de viagem).
Deixamos Oaxaca antes do sol nascer. Nos despedimos de Norma, aquele anjo bom que cuidou de nós durante dois dias. Uma mulher de fibra, corajosa, guerreira, companheira de viagem do nosso amigo Braga. Que casal simpático.
Braga nos escoltou até sairmos da cidade, por volta de 70 quilômetros. Optamos pela rodovia pedagiada, para ganharmos tempo. Que bela estrada. Asfalto perfeito, curvas suaves, pouco movimento. A temperatura, em torno de 15 graus, facilitava a viagem. Em menos de uma hora nos despedimos do Braga, que voltou para sua cidade, onde iniciaria mais uma grande aventura: viajar até o Brasil, em um mototaxi. É um veículo de três rodas, toldo de lona, fabricado na India, e que é usado como taxi por estas bandas. Sem dúvida, mais um ato de coragem deste valente motociclista, um dos poucos que cruzou pelo Darien.
Desde que entramos no México, temos notado a existência de numerosas barreiras policiais. E hoje não foi diferente. Encontramos pelo menos umas quatro delas, com muitos policiais parando, identificando, revistando os veículos. Em alguns, até fazendo pente-fino, ou seja, uma revista bastante detalhada.
Hoje não nos importunaram. Apenas em uma delas, nos pararam para perguntar de onde vínhamos, para onde íamos, e, a velha pergunta de sempre: quando custa uma moto destas. Para todas as perguntas, respostas na ponta da língua: somos do Brasil, vamos ao Alasca, e, esta moto custa uma vida toda de trabalho. Adelante! Chau.
Pelo caminho, a paisagem vai se alternando: na sua maior parte, região montanhosa e árida, com pouca vegetação. Em alguns lugares, plantações de hortaliças e criação de aves.
De repente, um vulcão fumegante quebra a monotonia. Hoje passamos por três deles. Dois estavam tranquilos, dormindo um sono de muitos anos. Até quando não se sabe. Já um terceiro, lançava grossos rolos de fumaça e cinzas no ar. Belo espetáculo.
Nosso objetivo hoje era chegar a León, onde o amigo Manuel Quintana nos aguardava. Para isso, tínhamos duas opções: atravessar a cidade do México, uma das maiores e de trânsito mais congestionado do mundo. Isto dito pelos próprios mexicanos. Ou seguir pela Autopista Arco Norte, famosa pelo pedágio muito caro.
Decidimos pela segunda opção. Essa autopista inicia logo depois de Puebla, desvia a capital mexicana pela direita, e em pouco tempo nos coloca muito próximos a León. O pedágio foi caro, mas o tempo que ganhamos, compensou.
Em pouco tempo, já nos encontramos com o Manuel que nos aguardava para nos conduzir para sua cidade. Ia tudo muito bem, até que tivemos um pequeno e imprevisto problema: o pneu traseiro de minha moto murchou.
Fomos atendidos por um Anjo Verde (assim são conhecidos os funcionários da concessionária do pedágio que dão assistência aos turistas). Conseguimos rodar até um posto de gasolina para completar o enchimento do pneu, porém, não deu certo. Acabou estourando enquanto era enchido.
Completando nosso dia, moto em cima de uma grua (caminhão de socorro), e a levamos para a loja da Harley em León, para a troca do pneu.
Agora, estamos confortavelmente instalados na casa do nosso amigo Manuel, que juntamente com sua simpática esposa Sandra, nos receberam e nos hospedaram.

Sábado, 26/Jun (29º dia de viagem).
Hoje foi dia de citytour. De moto. Alguém foi na garupa. Afinal, minha moto estava na oficina, para troca do pneu que estourou ontem.
O amigo Manuel e seu grupo de amigos motociclistas nos levaram para conhecer duas pérolas locais: as cidades históricas de San Miguel de Allende, e Guanajuato.
San Miguel de Allende estava festiva, com banda de música e desfile, em homenagem ao bicentenário da morte, por fuzilamento, do seu fundador.
Ruas estreitas, calçadas antigas, irregulares, casario do tempo colonial, igrejas, tudo muito bem conservado. E muitos turistas, na sua maioria, norteamericanos.
Em seguida rumamos para Guanajuato, cidade capital da Província de mesmo nome. E ficamos impressionados com o que vimos. As estreitas ruelas entre o casario antigo, quase não permite o trânsito de veículos. Então o trânsito é feito por túneis. E túneis antigos, com várias ramificações.
E mais turistas. Muitos, aos milhares, o ano todo, ocupam os incontáveis bares, cafés, restaurantes, muitos chamados de “tasca”.
E o garupa? Pois é, sem moto, tive a grande experiência de viajar na garupa. Do Manuel, nosso anfitrião. O cara, o Manuel, é fera, pilotando sua BMW com muita perícia, transmitindo muita segurança ao garupa, que viajou preocupado somente em obter boas fotos do grupo (14 motos) e da paisagem.
Confirmando e completando informações de ontem, aqui no México é normal existirem duas opções de rodovia para ir de um lugar a outro: rodovias federais, sem pedágio, simples como as nossas, cheias de curvas, lombadas, congestionamentos, atravessando zonas povoadas. E as pedagiadas, identificadas por cuotas. Estas, construídas com capital privado e concessão para explorar por 20 anos, são excelentes. Normalmente com pista dupla, ou tripla, curvas mui suaves, sem lombadas, sem congestionamentos, sem buracos. Paga-se nas “casetas” (assim são conhecidas as praças de pedágio). O preço é caro, mas ganha-se em tempo. E muito.
De volta a León, reencontro com minha moto, de sapato novo, prontinha para a viagem, que amanhã retomaremos.

Guanajuato

Guanajuato


Manuel Quintana e Sandra

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