sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Flagstaff e Kanab



Quarta-feira, 15/Jul (48º dia de viagem) e Quinta-feira, 16/Jul (49º dia de viagem)
Viajar em moto pelo Arizona está sendo uma das partes mais difíceis da viagem, devido às altas temperaturas desta região, durante o verão. Pelo rádio CB alguém pergunta quantos graus centígrados os termômetros marcam (Isto porque as Harleys têm um termômetro marcando a temperatura em Farenheidt). É fácil transformar. Rapidamente faço uma continha, de cabeça: 109 menos 32, vezes 5, divididos por 9. Fácil. Dá 43. Sim, 43 graus centígrados! Como pode alguém viver numa região dessas? Mas por incrível que pareça, há vida por toda parte. E vida humana. Ao longo da rodovia, pequenas cidades vão se alternando com extensas plantações algodão, de noz pecan, e fazendas de criação de gado.
Perto de meio dia, o termômetro da Harley já marca mais de 120º Farenheidt. E eis que, do fundo do baú, surge a mais nova tecnologia contra o calor, logo apelidado de tip top. O nome técnico é “Men's Hydration Vest”. Trata-se de um colete fabricado com tecido especial, que antes de vestir, deve ser encharcado em água, por um a dois minutos. Usado sobre uma camisa/camiseta, ajuda a diminuir a temperatura do corpo, mantendo-o fresco por até 2 horas. Caso necessário, repetir a operação, sempre aproveitando os abastecimentos. Aprovado!
Ao final da tarde, chegamos a Flagstaff, onde pernoitamos.
Apesar das altas temperaturas enfrentadas durante o dia de hoje, tivemos momentos de temperaturas mais amenas, ao passarmos por cidades localizadas em montanhas, com altitudes superiores a 2 mil metros. São cidades turísticas, que tiveram origem na época da mineração, como Prescott, Jerome e Sedona.
Temos percebido aqui na região, grande movimentação de cargas por ferrovias que normalmente seguem paralelamente às rodovias. São trens imensos, puxados por três locomotivas, e empurrados por outras tantas, e compostos por mais de uma centena de vagões. Já vimos trens com até dois contêineres em cada vagão, e hoje, saindo de Flagstaff, onde pernoitamos, vimos um carregando os baús dos caminhões, com rodas e tudo. Um baú em cada vagão plataforma. Esse sistema, chamado de transporte modal, além da agilidade e economia, retira da estrada um grande número de caminhões.
Em Page, ainda no Arizona, encontramo-nos com um grupo de motociclistas, em um posto de gasolina. Eram xerifes aposentados que ian a Salt Lake City para uma reunião mundial dos delegados aposentados, dos países de língua inglesa. Gente muito simpática, logo nos entrosamos. Troca de camisetas, bonés, pins, adesivos, e uma surpresa: nos presentearam com coleiras térmicas. Trata-se da mais uma invenção para amenizar o calor sufocante do deserto, e vem complementar a ação do tip top (que ontem descrevemos). É bastante simples: usa-se como um lenço de pescoço. Quando embebido em água fria, ele incha e fica parecendo uma cobra, aquelas de pano, que antigamente usava-se para tapar a fresta de baixo das portas. E o mais importante: irradia um frescor pelo corpo todo. Incrível! E não foi só isso! Nos passaram importantes dicas sobre rodovias, e pontos a visitar na região. É aquela já conhecida solidariedade entre motociclistas.
Estamos na parte Norte do Grand Canyon, onde a rodovia 89A atravessa o território dos índios Navajos e cruza o rio Colorado, por uma ponte de metal, cujas águas na cor verde esmeralda, correm tranquilamente a mais de cem metros abaixo. Esse território, apesar de localizado no Arizona, segue o fuso horário de Utah (Nos Estados Unidos, as nações indígenas têm autonomia de Estado, inclusive para decidir sobre qual fuso horário adotar), ou seja, uma hora a mais.
Depois de um almoço muito especial em Jacob Lake (todos comemos uma salada de verdes nobres com frango grelhado), fomos conhecer o parque Kaibab National Forest, onde o Grand Canyon se mostra majestoso, esbanjando vibrante coloração rosada em suas barrancas de pura rocha. E de quebra, tivemos uma recepção muito especial: uma chuva de granizo. E isso foi ótimo, porque imediatamente cambiou a temperatura, de escaldantes 120º F para amenos 50.
No parque, nos lembramos do nosso amigo mexicano, o Manuel, que com muita vibração nos apresentou as famosas barrancas da serra Tarahumara, cujas formações bastante se assemelham ao Grand Canyon. Mal tivemos tempo para registrar a visita em algumas fotos e vídeos, pois forte chuva se aproximava e queríamos escapar dessa. Conseguimos, apesar dela nos perseguir até Kanab, onde pernoitamos.




Pelas estradas do Arizona

Arizona




Rio Colorado

Ponte sobre o Rio Colorado

Grand Canyon - North Rym

Grand Canyon

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