sábado, 2 de fevereiro de 2013

Navegando pelo Rio Madeira


Sábado, 2 de fevereiro
Chegamos a Manaus hoje às cinco da madruga. Ainda estava escuro, mas já era intensa a movimentação de pessoas e barcos na região do porto. Como num passe de mágica, nossa moto foi desembarcada, despedimo-nos dos amigos feitos no barco durante a viagem, e toca para o hotel. Mas antes, para sair há que pagar a “taxa de desembarque”. Trinta reais pela moto, por se tratar de um terminal privado. Fazer o quê?
Agora estamos aqui, confortavelmente instalados no Hotel Ibis Manaus, banho tomado, e lembrando como foram estes últimos dias.
Na quinta-feira nossa alvorada em Humaitá foi cedo, lá pelas quatro. São Pedro ouviu nossas preces, e segurou a chuva. No porto ainda aguardamos um pouco a chegada do barco, que só aconteceu lá pelas seis. Conforme combinado, Pacheco apareceu com nossa caixa térmica cheia de gelo, águas, refrigerantes, iogurtes, e outras guloseimas para degustar durante a viagem. Braços fortes e mãos hábeis dos trabalhadores portuários embarcaram a moto num piscar de olhos, enquanto eu duvidava que conseguissem, porque o navio já chegou lotado. O porão e o convés principal estavam tomados por sacas de cebolas e de batatas, e caixas de tomates e limões. As cebolas garantiriam, durante toda a viagem, o perfume do ambiente. No convés superior, a cabine de comando, quatro camarotes – o nosso era o número UM – e uma grande área para armar redes, já totalmente tomada pelos viajantes locais. Durante a viagem, notamos grande número de estrangeiros, mochileiros, viajando entre os ocupantes de rede. Parece que eles gostam disso.
Alvorecer em Humaitá

O Dois Irmãos aportando

Que dúvida. Será que a moto vai embarcar? Como?

Primeiro são embarcadas algumas caixas...

Agora vai ela. Com todo cuidado, subindo a rampa.

Quase lá.

Nós conseguimos!
 Na área de lazer, que seria a cobertura do barco, metade ao ar livre, outra parte coberta e destinada a armar redes – também lotada – e um pequeno bar.
Banheiros e chuveiros em todos os níveis. A água utilizada é captada diretamente do rio. Água suja, barrenta, do rio Madeira, nas torneiras, nos chuveiros, nas descargas dos banheiros. Mas havia duas torneiras de água potável, geladinha, limpinha, para beber.
Um último olhar para Humaitá

Redário na área de lazer

Draga de garimpeiros

Opps! Será que vai chover?
A cozinha está no porão.
A comida estava inclusa no preço da passagem. Ao embarcarmos, ainda conseguimos “pegar” o final do café da manhã: café com leite, pão (a margarina acabou) e biscoitos salgados.
O almoço e o jantar eram iguais para todos, ocupantes dos camarotes (só tinha nós) e das redes: feijão, arroz, macarrão, salada, carne (de gado no almoço, de frango no jantar) de panela e farinha. Acho que era farinha de pedra, pois não conseguimos comer, tão duros eram os grãos. A comida era servida em “marmitex”, uma para cada passageiro, e uma colher de plástico para comer. Nada de garfos e de facas. Impossível comer a carne sem usar as mãos.
Uma visitinha para o comandante do barco

Povoado ribeirinho

Balsa com combustível

Terezinha conferindo o redário

Que maravilha de paisagem!
O nosso camarote – não vi os outros – era um cubículo com um beliche e um ventilador. Não tinha janela nem qualquer tipo de ventilação. Os colchões eram novos e firmes. Lençóis limpos, travesseiros e fronhas novos. Durante o dia, era tão quente, que o ventilador não conseguia refrescar. À noite, naturalmente refrescava, por conta da temperatura externa também abaixar.
Conferindo a rota no GPS da moto

Mais chuva pela frente!

Porto de Novo Aripuanã

Capacidades do nosso barco

Outra balsa...

Barco de alta velocidade (de Manaus p/Manicoré)
O barco enquanto descia o rio Madeira, desenvolvia velocidade de 25 quilômetros por hora. Ao encarar o maior do mundo de frente, o Amazonas, baixou para 15 por hora. Constantemente eu aferia a velocidade do barco com o meu GPS. Para navegar, o piloto contava com o auxilio de uma bússola, e à noite, de um potente farol, que não ficava permanentemente aceso. O piloto o acendia vez por outra, para localizar as margens e se posicionar, se comunicar com outra embarcação, ou para examinar algum remanso que se desenhava à luz do luar, à procura de algum ponto de pouca profundidade.
Apreciando a paisagem...

Janela do camarote do comandante

Na imagem do GPS, o exato momento que o barco atinge o rio Amazonas

Desembarque da guerreira

Todo cuidado é pouco, para desembarcá-la com segurança
Na área de lazer, um alto falante fanhoso insistia em tocar músicas sertanejas, funks, e regionais. Mesas com duplas jogando dominó logo se formaram. Ambiente gosto e alegre. À noite, a música parou para dar lugar a um culto evangélico, com grande participação popular, que se prolongou por mais de duas horas.
A equipe responsável pelo desembarque da guerreira
A vida a bordo é muito tranquila. Tranquila demais, até. Passamos os dias, os dois, apreciando a natureza, as margens desfilarem para nós, os casebres dos ribeirinhos, as poucas cidades, pequenas cidades nas margens, as outras embarcações, as imensas balsas transportando combustíveis, ou carretas com mercadorias diversas.
Ponte sobre o Rio Negro, em Manaus

A Ponte Rio Negro
Vamos permanecer em Manaus até segunda-feira, quando levaremos a moto à autorizada BMW na cidade, Braga Motors, para um checkup, trocar o óleo do motor, trocar o pneu traseiro, e bater um papo com o pessoal.

6 comentários:

  1. Praticamente o conforto de um cruzeiro...
    Vcs são fera meus pais, não se acanham pra um beliche e ventilador ou pra um pão sem manteiga. Bjo e estamos na escuta.

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  2. Meu querido, a viagem está ótima, melhor ainda seria se vocês estivessem aqui, desfrutando as belezas dessa aventura fantástica. Beijo prá Lu e prá Isadora.

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  3. Pura emoção no embarque e desembarque da moto, nao da para respirar!
    Linda viagem...

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    1. Olá Cesar, as operações de embarque e desembarque nos barcos da Amazônia são inimagináveis. A princípio a gente pensa que não vai dar certo. Que não vai caber no barco tudo o que eles querem carregar. E aos poucos, devagarinho, as coisas vão subindo/descendo, vão se acomodando, conduzidas por mãos ágeis e tranquilas. Impressionante. Não sei o que o meu corretor de seguros diria!
      Abraço na Val.
      Osmar e Terezinha

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  4. Osmar e Terezinha !
    Que beleza de relatos, pois fico imaginando a tensão e a expectativa das manobras que realizaram com a moto para colocar no barco. Oh!! Paisagens lindas...Que aventura!! Parabéns!!! Sigam com Deus.
    Manja

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    1. Olá Manja, que bom ter vocês nos acompanhando. Obrigado,
      Abraço para o Serra e Lili.
      E outro para você.
      Osmar e Terezinha

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