domingo, 21 de agosto de 2011

Coroico - La Ruta de la Muerte


27º dia da viagem
Estamos em La Paz. No Hotel Plaza, na zona central da cidade.
Hoje pela manhã, depois de mais um delicioso desayuno, preparamos nossa bagagem para ir até Coroico. Nosso plano era descermos até lá pela estrada nova, pernoitar, e amanhã (dia 22) retornarmos pela estrada antiga, conhecida como “ruta de la muerte” e ainda, seguir viagem até Oruro, onde pernoitaríamos, para no dia seguinte, 23, tomarmos o trem para Uyuni (já estamos com as passagens compradas).
A viagem de ida foi tranqüila, apesar de alguns trechos do asfalto apresentarem defeito no pavimento. Pelo caminho, subimos até 4.650 MSNM, para depois baixar até 1.185. Saímos de uma paisagem árida para chegar numa floresta tropical, verde e exuberante.
Instalamos-nos em um pequeno hotel central e saímos para almoçar. Na movimentada Plaza de Armas encontra-se de tudo, menos um bom restaurante. Comemos qualquer coisa e voltamos para o hotel, nos sentamos numa varanda com vista espetacular, donde se via, ao longe, ambas as estradas: o caminho novo e o caminho velho. E ficamos a imaginar, como seria a volta amanhã, quando apareceu por ali, o proprietário do hotel. Disse-nos ele que o caminho antigo é muito bonito, mais belo que o novo, mas para irmos tranqüilos, deveríamos sair somente amanhã à tarde. Desaconselhou ir pela manhã, devido ao grande movimento de ciclistas que por ali descem. Com efeito, é uma das grandes atrações desta estrada, a descida em bicicleta, quando grandes grupos de turistas a percorrem, em passeios organizados por agências especializadas.
Quando ficamos a sós, começamos a fazer as contas. Se levamos três horas para vir de lá até aqui pelo caminho novo, asfaltado, quanto tempo levaremos para subir pelo caminho antigo, em chão batido? E depois ainda ir até Oruro, que são mais 250 Km? E parece que a estrada não está muito boa. E ter que cruzar La Paz!
- Vamos dormir em La Paz, falei para Terezinha.
Ela me olhou sem entender bem, pois já estávamos instalados no hotel em Coroico.
- Hein?
- Isto mesmo. Vamo-nos. Vamos aproveitar que o sol forte já secou a estrada, que os ciclistas que desceram hoje já chegaram. Vamos subir e dormir em La Paz.
Quarenta e um anos de casados, fizeram com que possamos nos comunicar, sem falar muito. Algo como adivinhar o pensamento um do outro.
Em menos de dez minutos já estávamos prontos. Acertei meia diária com o hotel e partimos, para enfrentar a temível “ruta de la muerte”, no percurso ascendente.
Esta estrada está encravada na montanha, e permite a passagem de apenas um veículo, com alguns pontos onde é possível cruzar um pelo outro. Nestes pontos, usa-se mão inglesa, pois desta forma, os motoristas têm maior visibilidade do barranco de um lado, e do abismo do outro, podendo assim aproveitar cada palmo da estrada, chegando seu veículo o máximo possível para o lado.
A estrada é de terra e pedra, curvas fechadíssimas, passagens a vau, e abismos profundos sem a proteção de guard-rail, que raramente podiam ser vistos, devido à forte neblina. São apenas trinta quilômetros, quando a velha estrada alcança a nova. Ali acontece sempre um momento de euforia, de celebração pela vitória, de ter vencido a já conhecida como a mais perigosa estrada do mundo.
E nós sobrevivemos a ela, e agora estamos aqui, em La Paz, instalados no Hotel Plaza (deveríamos ter ido para o Camino Real...), prontos para amanhã alcançarmos Oruro.
Ao finalizar meu relato diário, não poderia deixar de consignar dois elogios: para minha valente companheira, que em todos os momentos sempre transmitiu coragem e confiança neste piloto, animando-me a sempre ir em frente, vencer os obstáculos, chegar onde se quer.
E para nossa moto, BMW GS 1200 Adventure, que nos conduziu pela pior estrada que jamais enfrentei, sem apresentar o menor problema. Valentona ela!
Hoje vamos dormir mais cedo, com aquele gostinho doce da vitória, de vencer um obstáculo difícil. Amanhã, Oruro nos espera.




















3 comentários:

  1. Prezados Osmar e Terezinha,
    parabéns pela realização de mais este feito motociclístico. Os Fazedores de Chuva fazendo chover!
    Abraços.

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  2. Grande Fazedores de Chuva Osmar e Terezinha.
    Voces estão de parabens, pela coragem, pela destreza motociclita e pela união ao enfrentar os desafios.
    Deu um friozinho na barriga só de ver as fotos.
    Forte abraço

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  3. Amigos Roque e Natal!
    Este foi mais um sonho que realizamos, cujas fotos compartimos com os amigos.
    Abraços, Osmar e Terezinha

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