sábado, 20 de fevereiro de 2010

De moto, à Tierra del Fuego - 9º dia




Amanheceu chovendo. Bota capa de chuva e toca. Alguns quilômetros, e lá está a fronteira com o Chile. Aqui são aduanas integradas: Argentina e Chile num mesmo prédio. Na aduana chilena, enorme painel alerta para a proibição de entrar no país com produtos de origem animal e vegetal, principalmente queijos e frutas. Quem pretende ir ao Chile, muita atenção para esse detalhe. Uma inocente maçã esquecida em sua bagagem, pode complicar a viagem.
Tivemos sorte. Em uma hora mais ou menos, estávamos prontos para seguir adiante.
Continua chovendo. Próxima etapa, cruzar o Estreito de Magalhães, logo à frente. Apesar da chuva, não tem vento. Menos mal. Fortes ventos, comuns na região, suspendem o serviço. Com o mar calmo, a travessia é feita sem problemas. O gigante Transbordador Austral, recheado de automóveis, camionetes, enormes caminhões, e uma moto (a nossa), cruza a Primeira Angostura em pouco mais de 20 minutos, escoltado por simpáticos golfinhos. Pronto. Desembarcamos na Isla Grande de Tierra del Fuego, ainda território chileno. Mais alguns quilômetros de excelente estrada pavimentada, e chegamos a Cerro Sombrero, onde inicia o trecho de ripio. São aproximadamente 120 quilômetros até a fronteira com a Argentina. Sem dúvida, o pior trecho da viagem, até aqui. A mistura de ripio com chuva é cruel. E para complicar, automóveis, camionetes e caminhões, trafegando em alta velocidade, indo ou vindo, espalham muita lama, cobrindo-nos dos pés à cabeça. Muita atenção e cautela nessa hora. Depois de quase duas horas de persistência, chegamos à aduana chilena. Muitos turistas indo e vindo. Longas filas, e lá vamos nós, enfrentá-las. Muita paciência. Não existe aposentado estressado. Calma. Quase duas horinhas de espera, e estamos prontos. Mais alguns Km à frente, ripio, lama, muita lama, e eis, a aduana argentina. Novamente longas filas, muitos turistas indo e vindo. E por uma infeliz coinciência, sempre a fila que a gente precisa pegar, é a maior... Espera, calma paciência, e pronto. "Listo". Depois de tantos problemas, a primeira recompensa: o asfalto. Que maravilha! Agora está perto. Rodamos ainda quase 300 quilômetros, muita chuva e frio. De repente a paisagem começa a mudar, surgem montanhas com neve no topo, e de repente ali está ela, bem à nossa frente: a bela cidade de Ushuaia. Nós conseguimos chegar!
O frio está de rachar. Toco direto para o hotel Terrazas del Beagle. Que delícia entrar num quarto quentinho, beber uma xícara de chá, tomar um banho, vestir uma roupa seca. São quase oito horas da noite, quando me lembro que o dia foi tão movimentado, que sequer tivemos tempo para almoçar. Prá falar a verdade, acho que nem me lembrei que precisava comer.

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