quinta-feira, 20 de outubro de 2011

São Paulo, Curitiba, Bal. Camboriú

Saindo do Rio, enfrentamos grandes congestionamentos no trânsito, mas que foram habilmente contornados pelo nosso guia, o Artur. Saindo da Barra da Tijuca, num instante estávamos na Linha Amarela, para em seguida ganharmos a Dutra e rumarmos direto para São Paulo, nossa próxima parada. Com um aceno de mão, nos despedimos de Artur, que retornou para sua cidade, para seus afazeres. Obrigado companheiro, por tudo que fez por nós.
Em Itatiaia, parada para nos despedirmos de nossos amigos Cmte. Edgard e Cida, que muito gentilmente nos acompanharam desde Belo Horizonte. Ali se despediram para rumarem até Caxambu, onde participarão de encontro de motociclistas.
Continuando pela Dutra, chegamos a Aparecida do Norte. Ali paramos por um instante, para visitar o Santuário e agradecer a Deus, através da santinha milagrosa, por ter nos acompanhado durante toda a jornada, por ter-nos conduzido pelo bom caminho e não ter deixado acontecer nenhum mal conosco. E foram em muitas ocasiões que pedimos ajuda a Ele, que nunca se negou a nos atender. Foi nosso garupa.
Em São Paulo, rumamos direto para Alphaville, onde nos aguardavam os nossos grandes amigos Laranjeira e Heloisa. Quanta alegria reencontrarmos esse simpático casal, que em outra ocasião nos hospedou, quando passamos por Boca Raton, na Flórida, e agora, novamente nos recebe, em seu confortável apartamento. Altas mordomias...
À noite, no Jacaré Grill, encontro com o famoso grupo de harlystas de São Paulo, os VMDB (Valente Motoqueiro Destemido e Beberrão). Lá tivemos a oportunidade de rever grandes e velhos amigos, de longas jornadas: o Ítalo, o Xará, o Dov, o JB.
Nosso segundo dia em São Paulo foi de muito descanso e pura magia. Magia pelo carinho com que fomos tratados pelos nossos amigos Laranjeira e Heloisa.
Antes do almoço a grande indecisão: vamos aperitivar com uma “Cava” Espanhola ou um “Prosecco” Italiano? Bem, na duvida, bebemos as duas...
Almoço preparado pela “Benedita” (apelido de cozinheiro do Laranjeira) bem caseiro; arroz e feijão e uma carne de sol acebolada puxada na manteiga e azeite. Bebida, só cervejinha gelada. Sobremesas, frutas, o brigadeirão de chocolate e pavé.
 “Como o tempo passa, como o tempo voa,
Neste meu São Paulo, terra da garoa.”
São Paulo da Garoa - Tonico e Tinoco
Choveu a noite inteira. E amanheceu chovendo. Foi assim que deixamos São Paulo: debaixo de muita chuva. Despedimo-nos de Laranjeira e de Heloisa na garagem do prédio. Depois vi pelo retrovisor, que eles nos observavam do portão. Levantei a mão rapidamente, dando adeus àqueles dois anjos que nos acolheram mais uma vez, na intimidade do seu lar. Queria gritar alguma coisa, dizer mais uma vez muito obrigado, mas o capacete fechado abafou tudo.
Notei que eles continuaram acenando para nós, até que desaparecêssemos no final da rua, encobertos pela chuva incessante. Até breve, amigos, falei baixinho, e desejei ao casal, muitas felicidades, e que fizessem boa viagem (à noite embarcariam para os States).
Num instante estávamos na Castelo, para em seguida pegar o Rodoanel que nos levaria à Régis, em direção a Curitiba, nossa última parada antes de chegar em casa.
Enquanto vencíamos os quilômetros que nos separam de casa, como num filme em alta velocidade, toda a viagem começou a desfilar em minha mente. A longa travessia do Chaco argentino, a subida na gelada Cordilheira dos Andes, o majestoso Deserto de Atacama, a visão do Pacífico em Iquique, os penhascos da Colombia, a Serra Tarahumara no México, enfim, lugares maravilhosos por onde passamos. Mas muito mais que paisagens, encontramos e conhecemos muitas pessoas, verdadeiros anjos que nos receberam e nos acolheram em suas casas. Eles tornaram nossa jornada muito mais leve e prazerosa.
Na descida da serra do Azeite, onde a rodovia ainda não está duplicada, muita atenção. Movimento intenso de caminhões. Mas para nossa alegria, a chuva cessa. Pilotar no asfalto seco é muito mais agradável, e no meio da tarde, já estávamos em Curitiba.
À noite jantar em boa companhia: meu irmão Orlei, acompanhado da esposa Ilizete.
Domingo, 7 de novembro de 2010, 163º dia de viagem
Agora falta pouco. Pouco mais de duzentos quilômetros nos separam de nossa casa, do término desta grande viagem, de matar as saudades daqueles que nos são caros.
A meio caminho, no Rudnick de Pirabeiraba, lá estavam, nosso filho André Luiz e a neta Ana Luiza nos aguardando. Estavam de moto, numa imponente BMW R 1200 GS Adventure, a mesma que utilizamos no começo do ano, para irmos até Ushuaia. Que bom vê-los. Que bom ser recebido por eles!
Mais à frente, somos alcançados por uma superesportiva Suzuki. Era nosso filho, o Fernando e sua esposa, a Lu. Nossos corações vão a mil, de alegria e de emoção. Já estamos quase chegando. É muito bom viajar, mas é melhor ainda, quando se tem para onde voltar. Para a casa da gente, para o convívio dos familiares e dos amigos.
Na chegada, almoço de domingo completo. Toda a família presente. Lá estavam, o nosso outro filho, o Marco Aurélio e esposa Milena, e os filhos Marco e Maitê; a Ana e o Du, esposa e filho do André Luiz.
Completando, um animado jantar entre amigos motociclistas de Balneário, organizado pelo Cmte. Roque e Cmte. Maccori, onde pudemos relatar alguns dos melhores momentos vividos ao longo dos dias de viagem.
E não foi só isso! Dias depois fomos convidados para reunião no Ap. do Grande Cacique Dolor, Presidente dos Fazedores de Chuva, onde recebemos, eu e Terezinha, o Diploma de Grandes Caciques Fazedores de Chuva – Honraria concedida àqueles que percorreram de moto, de um extremo ao outro das Américas, sempre por via terrestre, entre Ushuaia, na Tierra Del Fuego, Argentina, e Prudhoe Bay, no Alaska, Estados Unidos.
Resumindo,
Saímos de Santa Catarina no dia 29 de maio e chegamos ao destino, Prudhoe Bay, no Alaska, no dia 30 de julho, tendo percorrido até então 24.238 quilômetros, margeando o Oceano Pacífico sempre que possível. O trecho entre Bogotá e Panama City fizemos via aérea, por não existir estrada cortando a região conhecida como Darién.
A viagem de volta foi um pouco mais longa e demorada, devido a um “tour” pelos Estados Unidos e Canadá. Saímos de Prudhoe Bay no dia 1º de agosto e chegamos em casa dia 7 de novembro, tendo percorrido nesse trecho 36.418 quilômetros, agora, quando possível, margeando o Oceano Atlântico. Novamente utilizamos avião para cruzar o Darién, e barco para descer de Manaus até Belém (quatro dias e quatro noites navegando pelo Rio Amazonas – Majestoso!).
Todo trajeto feito sem carro de apoio.
As melhores estradas encontramos nos Estados Unidos e Canadá, e as pedagiadas do México, e o pior trecho, no Brasil, entre Boa Vista e Manaus, e a BR 101, em Pernambuco. A gasolina mais cara foi a brasileira, e a mais barata, na Venezuela (com um real é possível comprar 57 litros).
Ficamos impressionados com a segurança nas rodovias da Colômbia, especialmente no trecho que corta a região outrora ocupada pelas FARC, e com a burocracia nas alfândegas dos países da América Central.
Tivemos a rara oportunidade de admirar as Barrancas da Serra Tarahumara e as Pirâmides Astecas e Maias, no México; o Grand Canyon e o Parque Yellowstone, nos Estados Unidos. E de quebra, ainda participamos do encontro de motociclistas em Sturgis, e visitamos a fábrica da Harley em York, na Pensilvania, onde são fabricadas as Electras e os triciclos.
Voltei satisfeito com o atendimento que tive nas oficinas autorizadas Harley na América do Norte e em Belo Horizonte. Minha moto era nova, dentro da garantia, e muitos reparos foram feitos por conta disso, sem maiores dificuldades.
Para esta viagem investi R$111.176,00 (eu e minha esposa/garupa), em despesas diversas, desde obtenção de vistos, seguro de saúde, passagens aéreas, de barco, de trem, hotel, comida, combustível, manutenção da moto, roupas e lembranças (poucas), excluindo a compra da moto.

Agradecendo...

Com o amigo Dov Koren, em São Paulo

Os amigos Laranjeira e Heloísa, em São Paulo

Represa Jacupiranga, chegando em Curitiba

André Luiz e Ana Luiza, nos recebendo em Pirabeiraba

Fernando e Lu

Com Fernando e André Luiz

Nossos três filhos: André Luiz, Marco Aurélio e Fernando

Entrevista na chegada

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