terça-feira, 4 de outubro de 2011

Bennington/VT a Elberton/GA

Em North Conway fizemos pelo menos dois grandes amigos.
Um deles foi o Marcos, brasileiro que mora e trabalha nos Estados Unidos. Encontramos-nos no hotel, e depois de longo papo para matar as saudades da pátria amada, ele nos acompanha até o dealer - WHITE MOUNAIN HARLEY - e nos presta um grande favor, servindo de intérprete nas conversas com o mecânico que fará a revisão na moto.
Na oficina somos recebidos pelo chefe Alfred Snow (outro grande amigo) e equipe. Gente do mais alto gabarito e seriedade no que fazem. Na hora exata agendada, iniciam o trabalho. Em duas horinhas, estou pronto para partir.
Nosso destino agora é York, na Pennsylvania, onde, por sugestão do nosso amigo Magnus, de Billings, faremos um tour pela fábrica da Harley naquela cidade, na próxima segunda-feira.
Hoje vamos pernoitar em Bennington, no Vermont. Cidade pequena, mas como todas, muito bem arrumadinha, limpa, casas com jardins, e gente pacata.
E andamos na linha. Na linha de produção das motocicletas Harley-Davidson, na fábrica em York, Pennsylvania, onde são fabricadas as Electras e os triciclos.
Fomos recebidos e conduzidos na visita, por Larry, um simpático senhor, com mais de quarenta anos de serviços dedicados à marca. Sabe tudo de Harley. E pela maneira como ele conduziu nossa visita, percebe-se claramente tratar-se de um grande vibrador, por motocicletas, e pela marca.
Às vezes precisava pedir para ele não correr tanto, digo, falar tão rápido, porque não queria perder nenhum detalhe, e meu inglês...
Aqui as motos são fabricadas e montadas. Vimos, por exemplo, uma barra de ferro ser transformada em um pezinho para descanso da moto. Vimos uma chapa, digo duas chapas serem transformadas em um tanque. Outra chapa em um paralamas. Vimos o início de uma linha de montagem, quando o quadro recebe o motor e prossegue pendurado na esteira, recebendo partes e peças aplicadas por mãos ágeis e precisas, até que finalmente, duas horas depois, lá está ela, prontinha e acabada, para fazer a felicidade de mais um entusiasta.
À tarde fomos para Gettysburg, pequena cidade a oeste de York, onde em julho de 1863, aconteceu uma das mais sangrentas batalhas da Guerra Civil Americana, com 51.000 baixas.
A cidade é pura história, e é invadida diariamente por milhares de turistas ávidos em conhecer os detalhes daquela guerra.
A visita ao campo de batalha é a principal atração. Está à disposição dos turistas o “Autotur”. Com um mapa e um folheto explicativo (disponível em espanhol), é possível percorrer o campo de batalha no próprio carro, digo, na própria moto. Basta seguir as placas indicativas. A rota contempla dos três dias de batalha, em ordem cronológica. São 24 milhas de muita história, relatos, e monumentos em homenagem aos que tombaram.
Continuando nosso tour pela história desse país, visitamos o forte Ligonier, na cidade do mesmo nome, ainda na Pennsylvania.
Esse forte foi fundado em 1758 durante o conflito que se chamou “Guerra dos Sete Anos” e é preservado intacto até hoje, em todos os seus detalhes.
No local, fomos recebidos por Jeffrey W. Graham, Capitão do Royal American Regiment, que pacientemente nos explicou detalhes do funcionamento do forte: estratégias de defesa, logística, localização.
Continuando nosso roteiro em direção ao oeste, passamos por Pittsburgh, conhecida como a Cidade do Aço. Também pudera. Gigantescas siderúrgicas são vistas por todos os lados. Algumas já fechadas.
De quebra, ainda rodamos boa parte da viagem numa belíssima “Scenic Route”  entre East Liverpool e New Philadelphia/Dover (estas duas cidades são praticamente juntas), onde mais uma vez pudemos observar extensas fazendas de criação de gado, e de plantação de soja, localizadas nas margens da estrada. As casas à beira da estrada, nessas rotas, são muito bem conservadas, rodeadas de grandes extensões de grama verdinha muito bem cuidada, e floridos jardins.
Hoje mudamos de direção. Vamos para Knoxville, no Tennessee, e continuar a viagem de volta ao Brasil. Então toca para o sul!
Logo cedo, nos deparamos com uma cena inusitada. Numa cidade chamada Berlin, usos e costumes diferentes. Pessoas vestidas à moda antiga, usando carroças e charretes, pareciam fazer o seu trabalho normal, do dia a dia. A localidade é habitada pelos Amish. São pessoas que levam uma vida bastante simples, usam roupas simples, e relutam em adotar as conveniências da vida moderna, como o automóvel, a televisão, o telefone. Lá não tem MacDonald´s.
Ao final da tarde, cruzamos a ponte sobre o rio Ohio, e entramos no Kentucky. Estamos em Maysville.
Nestes dias de viagem por estradas do interior dos Estados Unidos, dois fatos nos têm chamado atenção, além da beleza das paisagens:
- na maioria das casas, simples ou sofisticadas, Bandeira Nacional hasteada.
- mesmo nas menores cidades, as escolas são enormes, prédios novos, amplos pátios, estacionamentos lotados, grande movimento de ônibus escolares (aqueles amarelos, cheios de luzes).
Me parece que nesse país, efetivamente se dá muito valor ao civismo, ao patriotismo, e à educação.
Ontem fiquei sem inernet, por conta de um problema ocorrido no hotel onde ficamos, em Williamsburgo. Menos mal. Problemas no equipamento deles, e não no meu netbook. Ainda bem!
A princípio fiquei meio perdido, sem saber o que fazer, porque, como é de costume, ao chegar no hotel, passo a um breve relato do acontecido durante o dia. Ontem isso não foi possível. E isso me fez pensar, o quanto somos dependentes da tecnologia, de como eram bons os tempos sem internet, sem celular, sem Xerox, sem fax, sem televisão, sem moto... opps, sem moto não!
No Tennessee aproveitamos para conhecer o Parque Daniel Boone National Forest. Bonito parque, em homenagem a este grande indigenista americano.
Cedinho entramos no Tennessee. No centro de recepção aos turistas, fomos muitíssimo bem atendidos por duas simpáticas senhoras, que não pouparam esforços para entender meu “fluente” inglês. Municiaram-nos com vasto material de divulgação do Estado, mapas, folderes e dicas. Notei nelas sinal de surpresa, quando pedi onde é a fabrica do uísque Jack Daniels. Mais mapas, folderes, e, que pena, a destilaria está localizada na cidade de Lynchburg, no extremo oeste do estado, bastante fora do nosso roteiro. Fica para a próxima.
Passamos Knoxville e chegamos em Maryville, na loja HD Smoky Mountain, onde fomos atendidos pela Rebeca, falando o bom e velho espanhol. Maravilha! Mais mapas, folderes, e em detalhes, os passeios pelo “The Tail of Dragon”, pela “Cherohala Skyway”, e pelo “Great Smoky Mountains National Park”.
Fizemos um dos passeios mais procurados pelos motociclistas norteamericanos: visitamos o “Great Smoky Mountains National Park”. Estradas muito bem conservadas circundam esse grupo de montanhas (que fazem parte dos Montes Apalaches), são repletas de curvas, muita emoção, e belíssimas paisagens.
Subimos (de moto, naturalmente) até o Clingman´s Dome, que é o ponto culminante da região, com 6.643 pés, donde é possível avistar pontos até 100 milhas de distância.
Essa é a região onde viviam os índios Cherokee. É grande a oferta de artesanatos confeccionados pelos descendentes deles.
Na extremidade oeste do parque está o trecho da US Highway 129 conhecido com “The Dragon”, com 318 curvas em apenas 11 milhas de estrada.
Destaque para a cidade de Pigeon Forge. Pequena, mas muito movimentada, com dezenas de atrações para todas as idades para distrair a grande quantidade de visitantes que a procuram. Seria algo semelhante à nossa Gramado.
Ao final da tarde chegamos a Elberton, na Georgia, onde participamos de um jantar especial, num restaurante mexicano, com cardápio mexicano naturalmente, onde não faltaram as famosas tostadas, quesadilhas, frijoles e carnitas, temperados com uma pitada de salsa picante. O jantar foi em comemoração aos nossos 40 anos de casamento. Era domingo, 5 de setembro, e estávamos no centésimo dia de viagem.
Com Marcos (de azul) e os mecânicos da HD/North Conway

Casa típica às margens de uma Scenic Route, em Vermont



Com Lary, guia na fábrica HD em York

Gettysburg National Military Park

Scenic Route, na Pennsylvania

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School bus pára, trânsito também pára.


Cumberland Falls (Daniel Boone National Forest), Kentucky

Visitors Center, Tennessee



Clingman´s Dome, Great Smoky Mountains/TN. 

Jantar comemorativo dos 40 anos, Elberton/GA

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