sábado, 14 de janeiro de 2012

Deu na Trave!

Estamos em Puerto Montt, no excelente Hotel Gran Pacífico – www.hotelgranpacifico.com.clLa mejor vista de Chile Austral.
Aqui começa a Carretera Austral, e o grande objetivo da nossa viagem é percorrê-la.
A estrada pode ser dividida em três partes: a primeira, de Puerto Montt para Chaitén, com 242 quilômetros, a segunda, de Chaitén para Coyhaique, com 435 quilômetros, e a terceira, de Coyhaique até Villa O´Higgins, com 582 quilômetros.
Partimos cedo hoje, de Puerto Varas onde pernoitamos, para pegarmos o início da Carretera em Puerto Montt. Eram nove horas da manhã.
De saída, uma informação desencontrada: a necessidade de fazer reserva para os transbordadores, como aqui são chamados os “ferrys”. Como não sabíamos onde fazer as reservas, fomos pela corrente dos que diziam não precisar. É simples, diziam, basta embarcar e se paga a bordo. E lá fomos nós.
A Carretera Austral tem seu início no centro de Puerto Montt. Não encontramos placa sinalizando isso, mas é fácil deduzir consultando os mapas. Até o quilômetro trinta e oito, beleza de asfalto. Depois rípio, até a localidade de La Arena, onde já nos esperava um transbordador para nos levar até Puelche, cortando um braço de mar do Estuário de Reloncavi. Da estrada, sempre serpenteando próximo à costa, se avistavam muitos criatórios de salmão, uma riqueza local. Essa travessia leva em torno de cinqüenta minutos e pagamos nove mil e seiscentos pesos chilenos (algo em torno de quarenta reais).
A etapa seguinte, em estrada de rípio, nos leva até Hornopiren, cinqüenta quilômetros à frente, onde tomaríamos outro transbordador, que nos levaria a Caleta Gonzalo, em seis horas de navegação, aproximadamente.
Levaria.
Ocorre que para este trecho, há que se reservar pela internet (hvolmar@navieraustral.cl). No local, somos informados que o transbordador está lotado até dia vinte e dois. São somente dois por dia. Isto significa dizer que teríamos que esperar ali por nove dias. Muito tempo. Pergunto sobre outra possibilidade, de retornarmos a Puerto Montt, e irmos por Quellón, da Ilha de Chiloé, diretamente para Chaiten, onde existe outra linha de transbordadores. Nos informam que lá está lotado até dia vinte e nove. Glup!
Cheiro de cérebro pensando. Como faremos? É a pergunta que não quer calar.
Já sei! Vou para a fila de espera. Vai que alguém desiste, e pimba! Lá vamos nós.
Sou o quadragésimo segundo da fila, numa média de desistência próxima de zero. Ocorre que poucos sabem da necessidade de se reservar espaço nos transbordadores. Vimos muitos chilenos revoltados e inconformados por não poderem passar. Também não sabiam da reserva.
Mas deve haver um jeito. Um jeitinho brasileiro. Nisso somos interrompidos por um eufórico casal de brasileiros, viajando em bicicletas: estavam ali na espera, faziam três dias,  finalmente conseguiram uma vaga, porque um caminhão aceitou levar suas bicicletas como carga. Cobrando, naturalmente.
Isto sepultou de vez nossas esperanças.
Diante dessa situação, só nos restou duas alternativas: retornar a Puerto Montt e de lá conseguir algum transbordador direto para Chaiten, ou contornar pela Argentina. Para tanto, teríamos que retornar até Osorno, cruzar pelo Paso Cardenal Antonio Samoré, Bariloche, Esquel, cruzar de volta para o Chile pelo Paso Futaleufú, e atingir a Carretera Austral em Villa Santa Lúcia, oitenta quilômetros depois de Chaiten.
Na volta, o rípio já percorrido na ida, parecia bem mais agressivo.
Chegando a Puerto Montt, procuramos o Jaime, agora já nosso amigo, indicado pelo Teodoro, amigo do Zenaldo, para dar-lhe a triste notícia. Ele não se deixou abater, e como que num passe de mágica, conseguiu reserva para nós em um transbordador que sairá de Castro, na Ilha de Chiloé, à meia noite de sábado, direto para Chaiten. Maravilha! Estamos nesse, por cento e quatorze mil pesos, carro mais passageiros.
E para comemorar, jantar em grande estilo no Restaurante Azzurro: www.azzurro.cl – cujas especialidades são massas com frutos do mar. Imperdível!
Com Don Jaime, em Puerto Montt

A Carretera Austral, R-7, no trecho asfaltado.

A carretera, trecho em rípio

O transbordador, entre La Arena e Puelche

Criatório de salmões, visto da Carretera.

Em Horbnopiren. Ao fundo, vulcão com o mesmo nome.

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