Sábado, 2 de fevereiro
Chegamos a Manaus hoje às cinco da madruga.
Ainda estava escuro, mas já era intensa a movimentação de pessoas e barcos na
região do porto. Como num passe de mágica, nossa moto foi desembarcada,
despedimo-nos dos amigos feitos no barco durante a viagem, e toca para o hotel.
Mas antes, para sair há que pagar a “taxa de desembarque”. Trinta reais pela
moto, por se tratar de um terminal privado. Fazer o quê?
Agora estamos aqui, confortavelmente instalados
no Hotel Ibis Manaus, banho tomado, e lembrando como foram estes últimos dias.
Na quinta-feira nossa alvorada em Humaitá foi
cedo, lá pelas quatro. São Pedro ouviu nossas preces, e segurou a chuva. No
porto ainda aguardamos um pouco a chegada do barco, que só aconteceu lá pelas
seis. Conforme combinado, Pacheco apareceu com nossa caixa térmica cheia de
gelo, águas, refrigerantes, iogurtes, e outras guloseimas para degustar durante
a viagem. Braços fortes e mãos hábeis dos trabalhadores portuários embarcaram a
moto num piscar de olhos, enquanto eu duvidava que conseguissem, porque o navio
já chegou lotado. O porão e o convés principal estavam tomados por sacas de
cebolas e de batatas, e caixas de tomates e limões. As cebolas garantiriam,
durante toda a viagem, o perfume do ambiente. No convés superior, a cabine de
comando, quatro camarotes – o nosso era o número UM – e uma grande área para armar
redes, já totalmente tomada pelos viajantes locais. Durante a viagem, notamos
grande número de estrangeiros, mochileiros, viajando entre os ocupantes de
rede. Parece que eles gostam disso.
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Alvorecer em Humaitá |
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O Dois Irmãos aportando |
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Que dúvida. Será que a moto vai embarcar? Como? |
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Primeiro são embarcadas algumas caixas... |
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Agora vai ela. Com todo cuidado, subindo a rampa. |
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Quase lá. |
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Nós conseguimos! |
Na área de lazer, que seria a cobertura do
barco, metade ao ar livre, outra parte coberta e destinada a armar redes –
também lotada – e um pequeno bar.
Banheiros e chuveiros em todos os níveis. A água
utilizada é captada diretamente do rio. Água suja, barrenta, do rio Madeira,
nas torneiras, nos chuveiros, nas descargas dos banheiros. Mas havia duas
torneiras de água potável, geladinha, limpinha, para beber.
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Um último olhar para Humaitá |
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Redário na área de lazer |
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Draga de garimpeiros |
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Opps! Será que vai chover? |
A cozinha está no porão.
A comida estava inclusa no preço da passagem. Ao
embarcarmos, ainda conseguimos “pegar” o final do café da manhã: café com
leite, pão (a margarina acabou) e biscoitos salgados.
O almoço e o jantar eram iguais para todos,
ocupantes dos camarotes (só tinha nós) e das redes: feijão, arroz, macarrão,
salada, carne (de gado no almoço, de frango no jantar) de panela e farinha. Acho
que era farinha de pedra, pois não conseguimos comer, tão duros eram os grãos.
A comida era servida em “marmitex”, uma para cada passageiro, e uma colher de
plástico para comer. Nada de garfos e de facas. Impossível comer a carne sem
usar as mãos.
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Uma visitinha para o comandante do barco |
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Povoado ribeirinho |
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Balsa com combustível |
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Terezinha conferindo o redário |
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Que maravilha de paisagem! |
O nosso camarote – não vi os outros – era um
cubículo com um beliche e um ventilador. Não tinha janela nem qualquer tipo de
ventilação. Os colchões eram novos e firmes. Lençóis limpos, travesseiros e fronhas
novos. Durante o dia, era tão quente, que o ventilador não conseguia refrescar.
À noite, naturalmente refrescava, por conta da temperatura externa também abaixar.
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Conferindo a rota no GPS da moto |
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Mais chuva pela frente! |
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Porto de Novo Aripuanã |
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Capacidades do nosso barco |
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Outra balsa... |
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Barco de alta velocidade (de Manaus p/Manicoré) |
O barco enquanto descia o rio Madeira,
desenvolvia velocidade de 25 quilômetros por hora. Ao encarar o maior do mundo
de frente, o Amazonas, baixou para 15 por hora. Constantemente eu aferia a
velocidade do barco com o meu GPS. Para navegar, o piloto contava com o auxilio
de uma bússola, e à noite, de um potente farol, que não ficava permanentemente
aceso. O piloto o acendia vez por outra, para localizar as margens e se
posicionar, se comunicar com outra embarcação, ou para examinar algum remanso
que se desenhava à luz do luar, à procura de algum ponto de pouca profundidade.
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Apreciando a paisagem... |
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Janela do camarote do comandante |
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Na imagem do GPS, o exato momento que o barco atinge o rio Amazonas |
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Desembarque da guerreira |
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Todo cuidado é pouco, para desembarcá-la com segurança |
Na área de lazer, um alto falante fanhoso
insistia em tocar músicas sertanejas, funks, e regionais. Mesas com duplas
jogando dominó logo se formaram. Ambiente gosto e alegre. À noite, a música
parou para dar lugar a um culto evangélico, com grande participação popular,
que se prolongou por mais de duas horas.
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A equipe responsável pelo desembarque da guerreira |
A vida a bordo é muito tranquila. Tranquila
demais, até. Passamos os dias, os dois, apreciando a natureza, as margens
desfilarem para nós, os casebres dos ribeirinhos, as poucas cidades, pequenas
cidades nas margens, as outras embarcações, as imensas balsas transportando
combustíveis, ou carretas com mercadorias diversas.
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Ponte sobre o Rio Negro, em Manaus |
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A Ponte Rio Negro |
Vamos permanecer em Manaus até segunda-feira, quando levaremos a moto à autorizada BMW na cidade, Braga Motors, para um checkup, trocar o óleo do motor, trocar o pneu traseiro, e bater um papo com o pessoal.
Praticamente o conforto de um cruzeiro...
ResponderExcluirVcs são fera meus pais, não se acanham pra um beliche e ventilador ou pra um pão sem manteiga. Bjo e estamos na escuta.
Meu querido, a viagem está ótima, melhor ainda seria se vocês estivessem aqui, desfrutando as belezas dessa aventura fantástica. Beijo prá Lu e prá Isadora.
ResponderExcluirPura emoção no embarque e desembarque da moto, nao da para respirar!
ResponderExcluirLinda viagem...
Olá Cesar, as operações de embarque e desembarque nos barcos da Amazônia são inimagináveis. A princípio a gente pensa que não vai dar certo. Que não vai caber no barco tudo o que eles querem carregar. E aos poucos, devagarinho, as coisas vão subindo/descendo, vão se acomodando, conduzidas por mãos ágeis e tranquilas. Impressionante. Não sei o que o meu corretor de seguros diria!
ExcluirAbraço na Val.
Osmar e Terezinha
Osmar e Terezinha !
ResponderExcluirQue beleza de relatos, pois fico imaginando a tensão e a expectativa das manobras que realizaram com a moto para colocar no barco. Oh!! Paisagens lindas...Que aventura!! Parabéns!!! Sigam com Deus.
Manja
Olá Manja, que bom ter vocês nos acompanhando. Obrigado,
ExcluirAbraço para o Serra e Lili.
E outro para você.
Osmar e Terezinha