Depois de muitos meses sem viajar de moto, resolvemos
por os pés, digo, a moto na estrada. Viagem curta, sair um pouco do tumulto que
está a nossa Balneário Camboriú agora em plena temporada de veraneio, com
turistas do mundo todo a se deliciarem com nossas praias. Escolhemos conhecer
as ruínas das missões jesuítas na Argentina, mais precisamente na cidade de San
Ignácio, Província de Misiones, depois de obter algumas preciosas informações com
o nosso grande amigo Paulo Gaida, de Curitiba, profundo conhecedor da região.
Eu e nossa Harley, prontos para mais uma jornada. |
E para esta empreitada, iremos de Harley. Nossa velha
Harley, como carinhosamente a chamamos, por já estarmos com ela desde
abril/2010, com ela já termos rodado mais de cem mil quilômetros, com ela
percorrido estradas nas Três Américas, até atingirmos o Oceano Ártico em Prudhoe
Bay, no Alasca, mas principalmente, porque é gostoso viajar de Harley.
Difícil explicar. Fácil de entender (para quem viaja
de Harley).
Ponte Anita Garibaldi, na BR 101, em Laguna, SC. |
Primeiro dia de viagem – 5 de janeiro, terça-feira -
concluído com sucesso. Choveu um pouco, mas não tirou o prazer de pilotar a moto.
Fomos até Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Nesta cidade reside amigo dos bons
tempos de caserna. Servimos juntos no QG do Exército em Brasília, onde iniciamos
sólida amizade. E amanhã, 6 de janeiro, ele está de aniversário. Quero fazer surpresa.
Chegar de supetão e aplicar-lhe uns bons “quebra-costelas”. Mas isto é para
amanhã.
Para não estragar a surpresa, fomos para um hotel, o
Residencial Ocean, adrede reservado em um site apropriado.
Estávamos curiosos para conhecer este hotel,
especialmente depois que recebi a mensagem:
“Olá,
agradeço por ter nos escolhido para sua estadia em Santa Maria/RS. Gostaria de
informar que a chave de seu apartamento nº **** estará na respectiva caixinha
de correspondências a partir das 14 horas. O Box de garagem é o nº **.
Precisando pode nos chamar também pelo whatsapp 55 55 9671 ****.
Atenciosamente, Bruno Ocean Apartments Santa Maria.”
Muitas perguntas me vieram à mente: como assim, chave
na caixinha de correspondências? Precisando pode nos chamar pelo whatsapp? E a
portaria? E o porteiro do hotel? E quem vai carregar minha bagagem?
No endereço indicado encontramos um prédio de
apartamentos, com aparência de recém construído. Nada de placa de hotel, nada
de portaria de hotel. Um prédio residencial como outro qualquer. E na entrada
do prédio, um conjunto de escaninhos (caixas de correspondências), na certa uma
para cada apartamento. Eram muitas, todas trancadas a chave. Todas, menos uma:
aquela cujo número nos foi repassado. E em seu interior, encoberto por algumas
correspondências, um chaveiro, inclusive com um controle remoto do portão da
garagem. Testamos e o portão se abriu. Não foi difícil encontrar o nosso apartamento,
depois de estacionar a moto no respectivo Box. Ficamos surpresos: um pequeno
apartamento de duas peças – cozinha e quarto – mais banheiro e área de serviço,
completamente mobiliado. E tudo novo. Na porta da geladeira, mais instruções.
Tudo o que precisávamos estava ali, bem à nossa mão. Sem dúvida, uma nova
experiência em termos de hotel.
Dia seguinte, 6 de janeiro, dia de cumprimentar meu
amigo. E lá fomos nós. Mas... surpresa! Ninguém em casa. Conseguimos contatar
com o filho dele. Fora passear numa cidade vizinha, deverá voltar lá pelas dez
da noite. Oh!
Então o nosso reencontro ficará para amanhã. Bem cedo,
antes de seguirmos viagem, passaremos por aqui. Sem falta. Favor avisar a ele.
Reencontrar velhos amigos, amigos de caserna, é sempre
um prazer à parte. Costumo dizer sempre, que as amizades forjadas nas duras
lides dos quartéis, são eternas. Lá aprendemos a exata noção do que é o
companheirismo, a lealdade, o civismo, o amor à Pátria, o dever acima de tudo.
E a empolgação foi tanta, que depois de algumas horas de animado bate-papo nos
despedimos, sem que me lembrasse de fazer uma foto sequer. Que lástima!
Segunda etapa da viagem (Santa Maria a San Ignacio)
concluída com sucesso. Andamos um pouquinho mais, por conta de trecho da
estrada interrompida entre São Luiz Gonzaga e Porto Xavier, por onde
entraríamos na Argentina. Foram somente 155 Km a mais, por São Borja, que a
velha Harley venceu fácil. A viagem está muito gostosa. Desestressante.
Tranquila.
Em San Ignácio nos hospedamos no Hotel Portal Del Sol.
A propósito de publicação minha no Facebook, dando
conta que estávamos na região, outro amigo de caserna adicionou o seguinte
comentário:
Gilson Chrestani: Legal "Bechão" essa região tem uma história
muito rica!! Foi
fundada com o fim da guerra do Paraguai, aliás, existe um ditado que diz que em
guerra a história é contada pelos vencedores! A propósito disso envio-te um
link que vi publicado no face de um grande amigo paraguaio (grande mestre de
xadrez) que mora no Brasi pra VC ler com calma, talvez depois que retornar sobre
o tema, vale a pena conhecer! HTTP://www.amambaynoticias.com.py/m/leer.php?id=2619#.VahQpCHE6ii.facebook
Li e achei bastante interessante. Algo semelhante ao
que acontece em nosso país, nos dias atuais.
LAS MISIONES JESUÍTICO GUARANIES - Missão San Ignacio:
fundada em 1696 e saqueada e destruída em 1815 - 1818.
Entre os anos 1609 e 1818, nos territórios do
Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, aconteceu um dos mais impactantes
episódios da humanidade: As Missões GUARANIES, uma experiência social, cultural
e religiosa única no seu tipo, iniciada pela Companhia de Jesus. Uma
organização que foi a admiração e assombro para os que sonhavam com utopias,
enquanto despertava suspeitas nos que desejam o poder político.
Enfraquecidas pela expulsão dos Jesuítas em 1767,
destruídas pelas invasões portuguesas e paraguaias, ficou o extraordinário
exemplo de uma experiência civilizadora inédita no mundo inteiro. A riqueza
arqueológica, o caminho dos povos, seus centros de cultura e universidades, a
toponímia ainda vigente na paisagem que integrados ao espaço atual do MERCOSUL
formam o Circuito Internacional das Missões Jesuíticas.
Postagem minha no Facebook sobre este assunto, recebeu
o comentário:
Arnaldo Schmitt Jr.: Dignas de serem
estudadas e visitadas, inclusive com o espetáculo de vídeo, fogos e luzes nas
ruínas de S. Miguel. Parabéns a vocês, pelos belos passeios que têm feito.
Sabem curtir essa fase maravilhosa da vida.
Muito grato amigo Arnaldo pelas bondosas palavras.
Aqui em San Ignácio também existia uma espetáculo
noturno, com efeitos sonoros e jogo de luzes e imagens. Mas as recentes chuvas
na região danificaram o equipamento, restando prejudicado o espetáculo. Que
pena! Por se tratar de equipamento importado, não há previsão de conserto.
Aspecto das ruínas. Casas construídas em pedra, varangas com extensos passeios, ruas largas, urbanização perfeita das quadras. |
No centro da Missão, a Plaza de Armas. Ao fundo, a igreja. |
O que sobrou da entrada principal da igreja. |
Interior da igreja. De se observar, o que restou do assoalho. Ladrilhos formando interessantes mosaicos. |
Minha companheira posando ao lado (de fora) da igreja. |
Mais um aspecto do arruamento da missão. |
Vista geral da Plaza de Armas e entrada principal da igreja. |
Atento, este fotógrafo procurando os melhores ângulos para bem registrar a visita. |
É nós na foto. Ao fundo, a fachada principal da igreja. |
Detalhe da fachada principal da igreja. |
Detalhe de porta lateral da igreja. |
Boquiaberto assistindo atentamente as ricas explicações do guia. |
É nós mais uma vez! |
Reconstituição fotográfica da fachada principal da igreja. |
Igreja no centro da cidade. |
Outro aspecto dos longos passeios, calçadas para pedestres, na época cobertas para propiciar sombra aos transeuntes, já que o sol por aqui era, e é, inclemente. |
Terceira etapa da viagem: San Ignacio, Província de
Missiones, Argentina, a Foz do Iguaçú, Paraná. Somente 250 Km pela Ruta 12, que
a Velha Harley venceu sem dificuldades. Aliás, é bom que se diga, as rodovias argentinas
são excelentes: bem conservadas, curvas suaves, terceira pista nos aclives, e
nada de radares e das odiosas lombadas. Gasolina cara: em torno de 16 pesos o
litro, representando mais de 4 reais. Prova disso, em Puerto Iguazu, onde
tradicionalmente haviam enormes filas de carros brasileiros nos postos de
gasolina, agora nenhum.
A formidável Ruta 12, na Argentina |
Em Jardim America, fila para abastecer. |
Ainda na Ruta 12 |
Chegando... |
Fila na aduana Argentina |
Avenida de acesso à Barragem de Itaipu. |
Painel do Poty - Painel em azulejos que retrata cenas marcantes da época da construção de Itaipu, composto pelo artista paranaense Poty Lazzarotto.. |
Um chopp prá distrair... |
Quarta e última etapa da viagem: Foz do Iguaçu, Paraná
a Balneário Camboriú, Santa Catarina, com direito a uma parada em Ponta Grossa,
para rever meus familiares que lá residem.
De volta à triste realidade das rodovias
brasileiras. Sucateadas, mesmo as pedagiadas, como é o caso das BR 277, que
liga Foz a Paranaguá, como as BR 376 e 101, que ligam Curitiba a Balneário
Camboriú. No primeiro caso, é mais gritante o descaso, no trecho que Foz a
Ponta Grossa, rodovia de pista simples,
com transito intenso de pesados e lentos caminhões, ocasionando longas filas de
veículos menores, pela quase inexistência de terceira pista para permitir a
ultrapassagem. E o valor do pedágio é verdadeiro assalto. Coisas do Brasil.
O objetivo de nossa viagem, foi visitar as Ruínas
Jesuíticas de San Ignácio, na cidade de mesmo nome, Província de Misiones,
Argentina. Um espetáculo que vale a visita. Este sítio faz parte de um conjunto
de mais de trinta missões jesuíticas fundadas pela Companhia de Jesus, em
território hoje pertencente ao Brasil (Rio Grande do Sul), Argentina (Misiones)
e Paraguay (Misiones), para pacificar e civilizar os índios guaranis,
habitantes do local. As fotos em anexo, falam por si.
Em passando por Ponta Grossa, matamos as saudades dos parentes, principalmente minhas irmãs Roseli e Sueli. Muito obrigado manas, pela excelente recepção. Também, agradeço de coração, a paciência que tiveram conosco Sueli e Arismar, ao nos acompanharem até o pronto socorro da cidade. Terezinha não passou bem. Medicada, pudemos seguir viagem, e na tarde do dia 13, quarta-feira, chegamos em casa, depois de rodarmos 2.700 quilômetros aproximadamente.
Importante frisar, o comportamento da nossa velha Harley. Já com mais de 117 mil quilômetros rodados, portou-se à altura da lenda que é a marca. Só alegria.
Em passando por Ponta Grossa, matamos as saudades dos parentes, principalmente minhas irmãs Roseli e Sueli. Muito obrigado manas, pela excelente recepção. Também, agradeço de coração, a paciência que tiveram conosco Sueli e Arismar, ao nos acompanharem até o pronto socorro da cidade. Terezinha não passou bem. Medicada, pudemos seguir viagem, e na tarde do dia 13, quarta-feira, chegamos em casa, depois de rodarmos 2.700 quilômetros aproximadamente.
Importante frisar, o comportamento da nossa velha Harley. Já com mais de 117 mil quilômetros rodados, portou-se à altura da lenda que é a marca. Só alegria.
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