Quinta-feira, 14 de
março.
Gostaríamos de ter ficado
mais tempo em Belo Horizonte, desfrutando a hospitalidade e a simpatia do casal
de amigos motociclistas Comandante Edgard e Cidinha, mas é hora de partir.
Muito obrigado amigos por tudo o que fizeram por nós, desde o socorro na
estrada, a acolhida em sua casa, as comidinhas mineiras de Dona Cida, e a
conversa franca, amiga e descontraída que tivemos nestes dias. Que Deus os
proteja, e esperamos para breve, muito breve, novamente desfrutar a vossa
companhia numa viagem de moto, para algum lugar, bem longe, de preferência.
Comandante Edgard e Cida, nossos amigos de Belozonte |
A saída de Belo
Horizonte, naquela hora da manhã – já passava das nove – foi muito tranquila. Em
poucos minutos já estávamos na Fernão Dias, que nos levaria até Extrema, divisa
com o Estado de São Paulo, nosso próximo destino.
Uma vista da Lagoa da Pampulha, bem Belozonte |
Saindo de BH |
Rodando na Fernão Dias: duplicada e pedagiada |
Paradinha básica para o lanche perfeito |
É lá que trabalha, e
mora, um grande amigo meu. O Pedro. Conheci o Pedro em 1967, em Três Corações, Minas,
quando fizemos juntos o curso de Sargento de Infantaria, na EsSA – Escola de
Sargentos das Armas. E desde então, nunca mais nos vimos.
Com o amigo Pedro, no Bar do Edu, em Extrema |
O Pedro mais eu |
E agora, mais de quarenta
e cinco anos depois, encontro ele ainda trabalhando. É dentista.
Pedro
fala bastante e rápido. Tem muita pressa em me
contar sua história, a história de sua vida. Quando jovem, sargento recém-promovido, foi classificado no 4º Regimento
de Infantaria, em Quitaúna, São Paulo, e que, na madrugada de 26 de junho de
1968, se tornou palco de um sangrento atentado a bomba por militantes da VPR
(Vanguarda Popular Revolucionária), um grupo combatido pelas forças armadas
brasileiras, por tentar implantar pelo terror, o regime comunista em nosso
País. Nesse dia Pedro era o comandante da guarda do quartel. A guarda alerta conseguiu
impedir que o atentado se consumasse, mas não a explosão de uma bomba com cinquenta
quilos de dinamite onde morreu um soldado e ficaram feridos outros seis.
Em
Extrema ficamos hospedados no Hotel San Marco.
Sexta-feira,
15 de março.
Extrema
é uma típica cidade mineira, pequena, limpa e muito aconchegante, apesar de
suas ladeiras bastante íngremes. Também pudera, fica na Serra da Mantiqueira. O
dia amanheceu frio, justificando usar sob a jaqueta, pela primeira vez, uma
camiseta de mangas compridas que carregamos durante toda a viagem.
Em Extrema, encilhando a moto para a viagem |
Que bela cidade! |
Retornamos
à rodovia Fernão Dias e por ela fomos até São Paulo, onde tomamos a Marginal Tietê,
que naquela hora, já passando das nove, estava com o trânsito fluindo
normalmente. Na Marginal, minha preocupação é não invadir a pista proibida para
motos. Não quero problemas agora no final da viagem. Muita atenção ao mudar de
faixa. Mas mesmo assim, alguém de um automóvel me sinaliza que estamos em faixa
proibida. Então volta para onde se permite motos.
Pilotando na Fernão Dias |
Chegando a São Paulo |
Na Marginal Tietê |
Tinha
a intenção de ir pela Marginal até a Castelo Branco, para dali pegar o
Rodoanel, mas tomei o acesso errado e quando vi estávamos na Bandeirante. Isso aumentou
uma meia dúzia de quilômetros, mas em compensação rodamos numa das mais, senão
a melhor rodovia do país.
Do
Rodoanel pegamos a Régis até Curitiba, depois a BR 376 até Garuva e por fim a
BR 101 até em casa, onde chegamos por volta das oito da noite. Molhados, pouco
cansados, mas felizes por termos completado com sucesso mais uma bela jornada.
Túnel no Rodoanel Mário Covas |
Descendo a congestionada Serra do Cafezal, na Régis Bitencourt |
Na Régis, subindo a Serra do Azeite, já próximo a Curitiba |
Resumindo:
Foram
sessenta dias de viagem, e passaram tão rapidamente, que até parece foi ontem
que saímos de casa;
Rodamos
16.700 quilômetros, mais os trechos de barco, nos rios Madeira e Amazonas, e
entre Macapá e Belém;
A
moto, uma BMW R 1200 GS Adventure Premium ano 2009 revelou-se, mais uma vez,
apropriada para este tipo de viagem, principalmente por estradas com pavimento
em mau estado, ou sem pavimento: de terra, lama ou areia. Enfrentou e venceu com
facilidade trechos de estrada de difícil acesso, apesar de estar com carga máxima: piloto, garupa e três maleiros contendo toda a nossa bagagem;
Cruzamos
por 21 Estados Brasileiros e três países estrangeiros (as Guianas);
Com
a passagem pelo Amapá, contabilizamos visita a todos os Estados Brasileiros (incluindo outras viagens);
Com
a passagem pelas Guianas, contabilizamos visita em todos os países da América
do Sul;
Concluímos
o desafio do Cardeal Fazedor de Chuva, que consiste em ir de moto aos pontos extremos
do Brasil (Ponta Seixas, Chui, Mancio Lima e Uiramutã);
Ficamos
a um passo de concluir o desafio do Bandeirante Fazedor de Chuva, que consiste
em visitar todos os Estados do Brasil, comprovando o feito com foto feita em
frente ao Palácio sede do Governo do Estado. Resta-nos a foto em Florianópolis,
propositalmente deixada por último, mas que oportunamente a faremos;
Encontramos
e revimos vários amigos motociclistas, e fizemos outros tantos novos amigos;
Encontramos
e revimos vários amigos dos bons tempos de caserna;
Tivemos
o privilégio de ter nossa viagem acompanhada por amigos e familiares, tanto no
Facebook, quanto em nosso blog, como na página dos Fazedores de Chuva. A todos,
nosso muito obrigado, principalmente pelas mensagens de incentivo que mandaram;
Por
fim, agradeço a Deus por me dar saúde para poder viajar de moto, e por ter me
dado essa companheira maravilhosa com quem divido as estradas, a Grande Cacique Fazedora de Chuva Terezinha,
que em todos os momentos, mesmo nos mais tensos, nunca desanimou, mas me deu
forças e coragem para seguir em frente. É um privilégio tê-la como garupa,
companheira e principalmente, como esposa.